terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tinha que ser tudo grande

Eu acho que na vida tudo tinha que ser grande
O Ser humano foi concebido para ser grande, para ser o maior
Não deu. Pena de Deus talvez. Ou sabedoria em nos dar só um algo grande e não tudo
Talvez para aprendermos a lidar com isso e depois conquistarmos aos poucos
o direito de sermos grandes por inteiro
Pessoas tem boca grande, para dividir o sorriso, a voz, a palavra de conforto
tem orelhas grandes, para serem bons ouvintes, para afinarem violões e pianos
Pessoas tem mãos e dedos grandes, para erguer pequenos bebês, tocar belas músicas
tem corpos grandes, para defenderem seus familiares, para dar segurança a quem tem medo
Pessoas tem cabeças grandes para sonharem muito, sonhos também enormes
tem pernas compridas para correr o mundo, alcançar onde a criança não alcança
Pessoas tem olhos grandes, para chorar por quem tem coração pequeno
Ainda procuro o fermento para o coração, mas não tem lojinha que venda pois na verdade se tivermos corações grandes para caberem outras pessoas
acho que cresceremos por inteiro.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um daqueles dias...

E hoje é um daqueles dias mesmo
Daqueles que você teima em dizer que tudo está errado
Mas se fica um momento só começa a questionar se o erro é deles
Ou se errado é o sentimento que parte do seu lado
Tempo quente, pessoas passando e preocupadas com seus afazeres
Sem tempo para olá como vai, muitos prazeres, pequenos prazeres
Ninguém é contínuo por que vida vai e vem em marolas
Tem gente que pára de pensar em Deus de vez em quando
Até as Carolas
Por que eu não deixaria de ser do meu jeito também?
Tenho que me acomodar no corpo enquanto o espírito está aflito
Tenho que gastar a energia enquanto a alma está plena
Senão terei ficado muito tempo lidando com um conflito
Para descobrir que no fim das contas o motivo nem valia a pena
Brincar é o melhor modo de passar o dia
Brindar é o melhor modo de finalizar a noite
Se não tive tempo de dia para a brincadeira, vou ver se compenso ao fim dele, com a saideira
Saúde aos meus amigos, fartura aos da família e queijo e vinho ao amor.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Perdido

Sabe que de vez em quando me perco e nem é por que sou aquele tolo sonhador
Não chego a sonhar olhando sua boca a falar e seus olhos a cintilar
Mas no fim me perco
Não fico nem um pouco interessado no que me diz e nem no que espera ouvir de mim
Tenho muito pouco a te falar e muita coragem para fazê-lo
Mas enfim, me perco
Acho que é esse meu jeito insensível, que fica longe daquelas pessoas que se destacam
Isso me faz ficar indiferente porém consciente de tudo o que é e o que pode ser
Mas até assim eu me perco
Com certeza é esse meu desinteresse em alcançar a plenitude do amor
Onde veja uma luz, seja ela do que for ou de quem vier, eu simplesmente a ignore
Fora de rumo, invariável é o fato que me perco.
Talvez por que negue tudo isso, sustente a mentira, não arrisque
Sim, é por isso, por escrever exatamente o contrário de como me sinto
É que faço o oposto do que tenho vontade
e dissimulo meu caminho
sem querer cruzar com o seu
então descubro
me achando só
que esse é o momento
em que me perco

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quadro de avisos

Calíope me disse que devo continuar a escrever apesar de discordar com Erato no que eu devo ter como foco.


Já que as duas não se entendem acabo ouvindo a Tália, mas Melpomne sempre faz drama e não sou de ficar entre choros e risos.

Terpsícore convidei para dançar tantas vezes mas como falava com Urânia, e ela vivia com a cabeça na lua, acho que nunca passou meus recados.

Achei que Polímnia ia me ajudar com um novo hino a vida, mas percebi que não é esse tipo de música que preciso.

Conhece alguma Euterpe para me apresentar?

Fábula do Amor Verdadeiro

Era uma vez dois pequeninos camundongos
Os dois viviam atrás do fogão da casa do padeiro
então sempre, como era costumeiro
caiam restos de comida, razão de seu sustento
Afinal, os dois saiam o mínimo
 fora da fresta que habitavam
sair mais do que um corpo de distância sequer arriscavam.
Eis que a fêmea do casal resolveu fugir daquela situação
Cansada da vida miserável e sem perspectivas
 idealizou a busca pelo amor verdadeiro
O camundongo, contrariado, dizia dos perigos do mundo externo
Perguntou se ela não tinha amor pelo seu lar
Mas para ela ficar não era mais do que um lugar de sofrer em eterno
Saiu, com o parceiro a ficar com a casa
e as migalhas recolhidas durante a sua vida em conjunto
Passou pela despensa e o rato que ali morava acenou
Ela então parou e uma breve conversa teve com o roedor
Ele disse que ali a fartura imperava e que tudo de bom sempre havia
Questionou se ela não teria amor pelas posses que lhe oferecia
A pequena roedora ficou tentada, mas disse que muito mais no mundo lhe aguardava
E seguiu seu caminho
Longe do rato e da sua cobiça material insana
Passou pela área de serviço e avistou uma grande ratazana
Esta lhe interrompeu brutamente
Era forte e truculenta, moradora do ralo
Espantava a todos os pequenos bichos com seu rabo, chicote em estalo
Ofereceu abrigo e disse que ali ninguém a incomodaria,
poderia ir a despensa quando quisesse furtar comida,
 ir a cozinha soturnamente fuçar o fogão
 isso tudo sob sua tutela e proteção
Perguntou se a sua integridade física e o domínio sobre os outros não era o amor que procurava
Mas sequer resposta teve pois há muito a pequena se distanciava
Afinal não era aquilo que ela esperava.
Deparou com a porta que dava para o jardim e viu quão belo era o exterior
Mas o êxtase da paisagem pouco demorou
de repente, trocou o seu lugar pelo do terror
Pois surgiu um enorme gato, alvo e ágil
Em seu pescoço um colar e um pingente com o nome Destino
Ele era velho, sábio, imponente
porém para ela não era nada mais do que um felino
Trazia na outra pata, outro camundongo e fez uma oferta
Perguntou do seu amor pela vida e ofereceu para trocar pela do outro roedor
Ela recusou e falou que amar a vida sobretudo é buscar preservá-la
E que na pequena odisséia que tivera até aquele momento aprendera
Que o amor verdadeiro pode até não ser encontrado,
 mas devemos buscar para que o caminho para ele seja trilhado
Falou que na sua fenda, ao lado do companheiro, era conformada
Ao lado do rato da despensa seria acomodada
Junto a ratazana da área de serviço seria apenas aprisionada
O gato pensou um pouco e soltou os dois ratinhos
ela perguntou intrigada o que ele estava a fazer
E ele em um sorriso sábio e sarcástico começou a dizer:
" Sigam a sua busca pois não é hora ainda de vocês terem comigo. Vou fazer o meu papel para aqueles que, a despeito do que sabem, acham que eu nunca chegarei.
Mesmo na segurança dos seus lares, estarei lá para visitá-los, pois, no fim, sou inevitável. "
E seguiu para a área de serviço, pensando no caminho mais curto para a despensa e depois o fogão
Ficou um remorso na camundongo fêmea, mas ela sabia, como disse o gato, que aquilo um dia aconteceria.
Olhou para o lado e viu que o outro ratinho a convidava para sair ao jardim continuar sua caminhada
Ela pensou e sorriu

O destino é estranho
nos arrebata com uma mão, mas sempre nos oferece algo novo com a outra
não nos cabe entender
mas aproveitar as oportunidades que ele vem a oferecer.

E seguiram na relva verde até nunca mais serem vistos

domingo, 1 de novembro de 2009

Continua Linda (rap)

Este não samba vai para quem continua acreditando
seja janeiro fevereiro ou março
Continuar linda, continua sendo
Mesmo que não tenha aquele abraço
Continuar nessa lida, comandando a massa
Alô moça que sorri,
que seu caminho pelo mundo
você mesmo
faça
Se você já me esqueceu
Trago lápis, régua e compasso
Faço
O caminho do meu peito
Em um único traço
Para receber
aquele abraço
Para ver se quem sabe de mim sou eu
E mais você
pois continua linda
continua guerreira
alô alô
E aquele abraço?


(baseado em "Aquele Abraço - Tim Maia")

Possessão

Pode alguém possuir alguém
Se nem a si mesmo tem?
Não temos posse sobre ninguém
Só nos cabe o dever de responsabilidades  ter
se ansiamos por ela(e), mas não por vil desejo
pois quebra a alma apropriar-se de outro ser
Se não for obra do amor sincero que almejo
Seria passar por louco, falando a esmo
Desejar ter poder
onde deveria haver apenas bem querer
Se não sou senhor de mim mesmo
E meus atos me delatam
Por que continuo a ferir alguém que digo amar
Se minhas palavras seu espírito maltratam
E a minha alma só fazem despedaçar?
Quando não existimos em doação
Para quem sonhamos um belo futuro
Não seremos salvos em oração
E nem por culpa ou excessiva adoração
É tarde
Perfuramos nosso coração duro
Plantamos a semente da discórdia e desavença
Colhemos seus frutos amargos
Mas renasceremos na esperança
 a passos largos
Sabendo ser cedo
Se o amor for nossa crença