quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Chove

Está a chover forte agora
Acho que logo pára
Só fazem dois meses que começou.

Próximo Barulho

É assim e não dá para debater
Tudo na vida tem um ritmo
que toca muito mais de ouvido
do que por uma partitura
Ter dó por alguém
Só vai te fazer andar de ré
Ficar lembrando
quanto o sol lá era bonito
Só faz remoer caindo em mim
Que de volta ter dó, doi mais
quando é de si

Batata

Desafio na bravata tata tata
Sem dar nó na língua
Nó de gravata tata tata
Ler que está escrito
Sem mamata tata tata
E faz certinho
bate lata tata tata
Direitinho
Ô rima chata tata tata
Chove no teto teto teto
Pega um prato tato tato
Uma batata tata tata
Amasso e bato tato tato?
Corta e frita tita tita.

Reformando a casa

Pois é, reformando a casa
Até o telhadinho vermelho está quebrado
Último morador judiou demais
Não percebeu que tinha goteira entrando pelo forro
As paredes estavam sem cor
O chão gasto não tinha brilho
Os móveis desajustados em todos os cômodos
Banheiro com azulejo lascado e vaso quebrado
Sabem o que mais?
Eu morava junto

Afinal quem habita lá
Não mora sozinho
Tem o senhorio vivendo junto, mas não se percebe
Que o dono deixa morar de favor
Deixa desarrumar tudo por dentro
Por que sabe que na verdade
Quem está lá deve saber que é responsável
Por morar bem, estar bem, viver bem

Coitada da morada da minha emoção
Tá quebradinho o telhadinho vermelho
Do meu coração

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Costurando

A costureira cerziu o tecido puido
Roído de bichinho que busca docinho
Derramaram ali o mel dos olhos de alguém
E juntou bicho de cada formigueiro da cidade
Veio formiga grande e negra, veio a vermelha pimenta
Mas continuou a verter mel em lágrima
E bichinho nenhum vencia levar tanto doce
Fosse inseto que fosse
Juntaram então o conclave e da questão saiu uma chave
Manda a dona traça de trapaça e come o pano
Adiantou nada não
Quem chorava era a própria costureira
A cada pedacinho levado embora, ganhava mais um remendo
Só não tinha remendado, o coração ainda furado
Faltava achar alguém, para chorar um mar de águas,
e quem sabe assim afogar as suas mágoas