segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Riscos

( Este texto é um resumo, uma compilação do roteiro de um filme Imax sobre riscos no salto com para quedas. Retirei a parte técnica e vejam só a pérola que resultou e agora divido com vocês)


Diz-se que o maior risco é
aquele que não se corre.
Não procuramos o risco apenas
pelo risco em si.
Se você tem uma paixão, se você
tem alguma coisa que adora fazer,
às vezes você precisa aceitar
o risco e aprender como minimizá-lo.
Pois é o desejo de assumir riscos que
alimenta a busca por conhecimento.
Riscos que valem a pena assumir,
são limitados apenas pela imaginação.
Numa parte do cérebro que
controla a resposta ao risco...
realidade e a imaginação são a mesma coisa.
É por isso que os sonhos parecem tão reais.
E ousar sonhar ter uma vida melhor para
nós e para nossas famílias é suficiente...
para fazer o coração de qualquer um voar.
Sinta o seu coração bater.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tempo

Era um
Dividi em dois
te dei uma parte
Perdeste o teu
Dividi de volta
Reparti de novo
Ainda assim perdeste de volta
Mais uma vez fiz a partilha
Te dei outra vez sem exitar
Falou-me de volta que eu fizera você perder tua parte mais uma vez
Continuei dividindo e repartindo e o meu nunca me fez falta
E para você, por mais que lhe desse, sempre me disse que o havia perdido.

O que seria?

A Lenda renovada

Quem conhece a Lenda do menino holandês que salvou sua cidade ao colocar seu dedo em um buraco em um dique que estava prestes a romper? Bem, essa é uma derivação, digamos uma sequência possível.
Spaarndam agora era uma cidade bem diferente daquela que o garoto de oito anos tinha salvo de ser arrasada pelo rompimento do dique. Sua atividade principal continuava sendo o plantio de tulipas, mas agora o dique que servia de abastecimento de água para irrigação e suprimento da pequena cidade havia sido reforçado.
A prefeitura da cidade havia distribuído em vários terrenos, com a concordância dos cultivadores e moradores, vários muros de 3 a 4 metros de altura, com comprimentos diversos, de largura superior a 5 metros e feitos da mais sólida pedra. A intenção principal era conter e desviar água e lama que porventura viessem de um improvável rompimento do famoso dique.

É nesse ponto que retorna a história o pequeno menino, agora com seus 40 e poucos anos. Virara um dos responsáveis pela manutenção destes muros, pois sua fama o precedia. Sempre incansável percorria cada um dos muros, distantes entre si algumas centenas de metros,as vezes até quilômetro e meio havia de distância entre um e outro, quando mais distantes da pequena represa. Anos se passaram e foi se tornando visível que a modernidade havia contido a fúria da água represada. Os trabalhadores que mantinham os muros de contenção foram realocados para outras tarefas. Menos o nosso protagonista da história que se manteve irredutível.

A Prefeitura ante a teimosia do antigo herói não teve outra saída senão despedi-lo. Mas ainda assim, em um ato incompreendido ele mantera suas funções, trabalhando aqui e ali por um prato de comida, quando fazia a manutenção das muradas.Tinha sua vida particular, família e outras atividades, mas sempre, na mesma época, era comum vê-lo vagar pelos caminhos que percorria, a manter a sua antiga função. Toda semana passava ele, então, na frente da minha casa, e pedia o mesmo prato de comida, pegava suas ferramentas e arrumava uma pedra aqui ou acolá, aconselhava-me sobre como manter a disposição da minha casa quanto ao muro para obter maior proteção.

Anos se passaram assim e aquilo foi crescendo como uma situação de incômodo para mim, pois a insistência do agora já senhor era imutável. Irritava mesmo aquela força de vontade, aquela obstinação por manter aquelas velhas pilhas de pedras em bom estado. Quando vi ele conversando com minha filha de 7 anos sobre o mesmo assunto achei ridícula a situação. Conversei com outros moradores e agricultores da região e começamos a fazer planos para derrubada das muradas. Isso aumentaria inclusive nossa área de plantio. Ainda assim o agora ancião outrora ídolo da cidade procurava junto a prefeitura interromper os processos de demolição dos muros e, vejam quanto abuso, aparecia sempre a frente das casas se oferecendo para fazer a manutenção.

Começamos a lhe negar a conversa e findamos negando até mesmo o prato de comida e o infeliz insistia em vir manter a murada em frente da minha casa. Que despropósito. Comecei a soltar os cachorros durante o dia em que sabia que ele aparecia, mas no dia seguinte estava ele lá. Ameacei-o várias vezes para ver se o espantava e nada. Estava eu mesmo prestes a derrubar o muro quando a estação das chuvas se iniciou.

Choveram dias a fio e uma bela manhã o sol pespontou no horizonte, sobrando algumas nuvens negras para o lado do dique. Minha filha brincava junto a maldita murada quando senti um tremor seguido de um rugido alto e medonho. Aquilo me apertou o coração. Saí na varanda de casa e minhas pernas desfaleceram. Vi próximo a casa uma enxurrada desenfreada vindo, arrebentando o que encontrava pela frente,... o dique rompera! Agora o demônio contido ali estava arrastando a tudo... e minha filha ali ao lado do muro...corri em sua direção mas á agua e lama chegaram antes... O muro imponente e impassível desviava valentemente tudo o que a enchente lhe arremessava, me dando tempo de socorrê-la e nos refugiar em casa. Como toda a tempestade, o terror e o nível da enchente começaram a baixar.

Dias depois fomos a sede da prefeitura ver o que faríamos com os prejuízos. Procurei o velho ancião esperançoso de poder me redimir e agradecê-lo, quando veio a notícia solene do prefeito, em alta voz, da sua morte, enquanto estava ele a arrumar um muro há algumas milhas de minha propriedade. Não foi feito um minuto de silêncio. Houve um emudecer nas almas das pessoas presentes por muitos e muitos instantes. O prefeito com a voz embargada começou a ler uma carta do velho e renovado herói, que salvara mais uma vez a cidade e orientara que se algo um dia lhe acontecesse este papel chegasse as nossas mãos. Sorrimos por que a cada frase lida reconhecíamos as orientações dadas pelo ancião, metódicamente e insistentemente, de como manter as muradas que nos protegiam, da orientação da cosntrução das casas e plantações e ao fim de todo o texto apenas uma singela frase.
" Obrigado Deus por ter podido ser útil"
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Hoje, a cada determinado tempo, a cidade se reúne em mutirão, faz vários pratos de comida e alegremente cantamos e arrumamos as muradas de cada casa e plantação da região, insistentemente como deveríamos ser sempre, com aquilo que acreditamos, buscando o bem daqueles que amamos...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fome

Antes não tivera conhecido quem me rouba os sonhos
Quando jogo migalhas à um passarinho e aos que passarão
Padeiro que sou eu de mão cheia
Faço fornadas de pães de ló , em consideração
Tantos que dá dó vê-los jogados ao chão
Sei que faço demais e até doce em demasia, enjoa
Mas o cozinheiro não despreza quem come hoje ou amanhã, apenas cantarola a toa
Quando prepara um ou mil pratos
Sejam seus clientes fartos ou alheio aos fatos.
Quer fazer para os outros o que melhor lhe aprova o dom.
Dar sentido a vida, dar-lhe textura, sabor e tom.
O Padeiro que sou não se cansa de procurar a receita perfeita,
Aquela mistura precisa que nunca poderá ser refeita
Que quando o próprio cozinheiro levar a boca o quitute
Por mais que ele resista, negue, evite ou lute
Saiba que é aquele o alimento de seu corpo e a necessidade de sua alma.
Mesmo que no anseio de esperar a massa crescer, enquanto descansa mais calma,
custe-lhe mais do que o desejo de quem anseia provar,
em pequenos mordiscos e não apetite cruel,
insistente criança a queimar os dedos e a língua com o calor do não
males dentro do corpo difíceis de curar
amargor de féu
e nada mais então.
Quisera eu que não me tivessem roubados os sonhos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

FAROL

Sempre disse que é difícil se perder
Quando se tem um porto seguro
Sejam amigos
Seja a família
Sempre há alguém prá te salvar de algum apuro
Tem aquela praia mais calma e fácil
Que tem um marola calma, onda dócil
Acolhendo da volta de uma tempestade, com a nave em frangalhos
Aprumando seu corpo, pedindo para que estufe seu peito como vela enfunada.
Achei um farol desses um dia, brilhava longe até mesmo na escuridão
Foi um simples sorriso que me tirou da profundeza de uma momentânea solidão.
Salvou mais alguns dos meus náufragos pensamentos
Atirou uma salva de palavras que foram mais do que um salva vidas
Foram o fim de meus lamentos
e o início de novas aventuras a serem vividas.

Inspiração

Se me perguntam qual a receita da inspiração para escrever
Digo que são os mesmos ingredientes, porém preparados de maneiras diferentes
O principal, e talvez este seja o ponto difícil de aprender
É que nós somos, nesta mistura o item principal e, apesar disso, meros recipientes
Então anote aí, mas sintasse a vontade de retirar ou colocar algo
Pegue coisas de seu dia a dia, um sorriso que lhe deram, um beijo recebido, um abraço doado
Não, não acrescente complementos, por que a vida tem o gosto que tem, eu não adoço e muito menos salgo.
Junte os sentimentos que anjos , cupidos e querubins lhe trazem, guarde do lado do coração, ainda cru e sem ter sido cozido pelos anos vividos. Isso vai dar um gosto especial para sua alma, o recheio que dá vida ao prato.
Reserve um pouco de fôlego em cada pulmão para que as faltas de ar, que ocorrem a simples lembrança daquela, não lhe deixem doces suspiros suprimidos.
Deixe ferver nos raios do sol que brilham em tempo de céu azul e pássaros a cantar, e ponha para descansar sobre a areia de uma bela praia, debaixo do corpo de quem ama, para fazer crescer com o fermento do carinho. Cresce mais quando adicionamos volúpia e sexo, mas costuma desandar.
Esse é um modo de uma bela inspiração preparar. Só serve a duas porções no primeiro momento, mas se vingar, pode ser repartido em porções menores no futuro.

Agora o outro depende muito pouco de você, apesar de continuar sendo o recepiente.
Quem fará o preparo será outra pessoa. Não repare se ela não tiver zelo ou cuidado qualquer com os ingredientes ou mesmo com o vasilhame que você é.
Alguns momentos ela, ou ele, utilizarão utensílios pouco convencionais, como papel mal escrito, frase dura e sem ponta, voz seca para esvaziar o recheio da alma ou simplesmente o pé.
O abraço, o beijo, o sorriso e tudo mais que lhe deram serão devidamente socados de encontro a seu peito, como que triturados, muitas vezes por um processo de transferência de todos esse itens para um outro recipiente,que gozará do preparo mais agradável.
Todos os sentimentos com asas serão depenados, pena a pena sem pena, retirados do lado do coração e fundidos ao fígado, para criar um gosto de féu, um amargo na boca. Esse é o gosto final de nossa segunda versão da tão desejada inspiração.
O segundo prato fica melhor a cada dia que passa, não cresce, fica uma massa feia e dura, mas rende muitas e muitas porções servidas em poesias, versos, músicas. Não é incomum servir-se acompanhado de um belo copo de lágrimas.

Bem, a receita está aí, talvez você já tenha até ela decorada e não ache nada demais.
Espero que consiga prepará-la da melhor maneira que lhe convier, mas acredito que acabará sendo do jeito que o mestre destino quiser.

Bom apetite