sexta-feira, 22 de maio de 2009

Amigo mesmo?

Quem disse que ama o que é
É por que tem pouca fé no que pode ser
Todo mundo pode mudar hoje e colocar o rosto pra fora da janela
Quem sabe isso aconteça comigo
Ou só com ela
Sempre achei que minha vida não devia ser novelo e nem novela
Não queria partilha-la com ninguém
Podia parecer conto triste contado para arrancar lágrima
Ou coisa tola para se enrolar, para se envolver em lástima
Mas aprendi que só podemos rir do teatro que é nossa vida se contarmos a nossa história
Só podemos desembaraçar alguns laços se pedimos ajuda à mão amiga
Sei lá se isso gera glória....ou sei lá...intriga
Mas é muito bom estar ao lado da pessoa companheira
Que até na besteira mais derradeira
Coloca o ombro como soleira, para colocarmos nossas aflições
E por que não dizer nossas alegrias que quebram a monotonia
Tem dia que você adia
Encontrar um amigo,
Sujeito a ficar na chuva sem abrigo
Cada pinga de água que bate no topo da cabeça
É choro que corre do olho,

Cachaça
Gota que serve só um minuto até que o motivo se esqueça
Como é bom abraçar forte, encostar a cabeça contra o peito
Daquele jeito que não tem rejeito,
Que escuta dois corações bobalhões
Cantando a mesma canção, confortável e segura
No enredar de braço a braço, mão a mão
Sem sins e sem nãos, senão aquele que figura
No azul dos olhos belos, em que mergulha o pensamento solto
Esperando uma carpa de boca carnuda pular do riacho revolto
E abocanhar tudo o que já foi dito, como se fosse um singelo mosquito
Zunindo e zunindo, acabou o que eu tinha que falar e agora,
Dissimulado
Fugindo
Vou indo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Perguntas?

Caramba estou de perna bamba?
Já não tenho saco para guardar minhas 'oras bolas'?
Estou querendo mudar por inteiro, virar guerrilheiro?
Isso me preocupa o mesmo que me ocupa?
Não fico animado com nada acima abaixo ou do meu lado?
Não fico mais decepcionado que a cabeça cortada pelo cepo acionado?
Por que essa depressão que me deu sem pressa ?
Acho que é quando paro de escrever e começo a ler que paro de pensar e tento compreender?
Vivo em um mundo a parte e mudo em parte estou?
Volto a mim ou me revolto enfim?
Tento e tento e atento mas quem ganha o tento?
Ali vivo só porque é um alívio?
Então?

Faço a pergunta errada por que não quero ouvir a resposta certa?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bicho Homem

Bicho Homem, quase sempre só bicho
Vira gato vira lata remexendo seu lixo
Procura xêpa , sardinha, para alimentar a fome mesquinha
Vira cachorro sarnento pra causar dó, veste sofrimento para ficar só
Corre atrás da condução do viver que perdeu
Se o carro pára, não late, não morde,
Até a coragem faleceu

Vira rato escondido pelos cantos, buscando migalha de pão,
Arrasa qualquer lar por pedaço de queijo de fábula, rói até o cerne o coração de papelão
Vira gato velho, sem dono, sem lei, sem casa
Senão a sua própria vontade, que rasga com garras,
comendo engasgado o pássaro sem asa
Querendo fugir do que lhe deu o destino
Vira verme no intestino,
Lagarta que não renasce em borboleta,
só tece seda para seu calor que mal dá para uma camisa
Vira bicho coxo que se derruba na mais leve brisa, capenga errante, pangaré ofegante
Só é corcel quando prova de uma mulher um gole do seu doce e bêbado mel
É como mágica de borralheira que transforma camundongo no alazão da cocheira
Refuga o medo da ratoeira pelo belo sol do alvorecer
Que brilha em uma juba leonina bela e alva, radiante sem nada a temer
Pêlo eriçado e excitado, sede por sangue, carne que copiosamente anseia roubar

de um naco na pele menina
como muda a besta homem para o homem besta
quando amansa a crina é a mão da musa que vira o feitiço
dele ser animal senhor do bicharedo para ser prisioneiro bicho de estimação só dela
mas vivendo cada dia como rei da selva de pedra, sem medo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bicho preguiça

Se achegar da fera não te dá o direito de domá-la
só te dá a chance de ser devorado
Cuspir uma semente na rua
não quer dizer que plantou uma árvore só sua

Selar o cavalo não te garante a montaria
Só pode lhe valer o coice
Fazer o que te mandam não gera valor
só soldo
Criar pintinhos no terreiro
não é certeza de canja o ano inteiro
Agora se você se propor a correr riscos
Talvez consiga domar um leão, montar no alazão,
passear na floresta, aproveitar o tempo que nos resta
Pois tudo é muito rápido, como raio em chuva de verão
Pode acontecer várias vezes, mas o verão um dia troca de lugar com outra estação
E você perdeu
Perde
E não tem chance de apostar o mesmo tanto,
pois sua carteira da alma se esvazia de motivos e alegrias a cada ano
E acaba pensando que o risco melhor a correr é tentar descobrir como é viver em outro plano
Vá se catar, mas se juntar mesmo, daquilo que você um dia já foi
Se recomponha, cabeça erguida, sem pensar no que lhe oferece a vida
Mas sim o que você pode arrancar dela a força, com convicção e garra
viver pode não ser uma farra
mas é preciso alguma pressão
para cozinhar a canjica
Se está tranquilo no entanto e já matou a preguiça
Me chama prá tua casa
Que ele levo minha alegria e algum pão
e você me receba de braços abertos
Com Cerveja, carne e linguiça.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Parece que vai chover

O céu acinzenta, colocando tudo em movimento,quando venta
Corre velho corre novo, foge moça foge senhora,
até cachorro se apavora
Sobe cheiro de terra molhada, de grama cortada,
Que ozônio que nada
Muda temperatura, para ficar seco sobra aflição no peito
Tudo se dá um jeito
Ônibus lota, trânsito trava, impaciente buzina,
criança azucrina
Dia da meninada levar surra, preso em casa
Passarinho recolhe a asa
Vem a enxurrada
Que fazer? Claro que nada.
Molha de cima até embaixo
Velhinha debaixo da marquise com guarda chuva
Leva xingamento de político, padre e viúva
Desaforo, eu acho
Não pega freio a bicicleta velha
Não acende a luz do poste
Não esquenta a meia molhada
Não existe táxi na esquina
Corre solta a água, escoando para o bueiro
Azar de quem está na rua e se molha inteiro
Faz o veículo onda pra surfista
Xinga o pedestre com o dedo em riste a vista
Termina isso em minuto numa cidade e aqui dura quase que o eterno
Não dá pra reclamar, mas é algo que vem de berço com a gente
Nasci aqui e não fui levado por enchente
Mas reclamo de três quatro estações em um dia
Já vi de manhã a noite, invernos e verões,
e teve tempo que até neve se via
Vai a chuva vem o tempo bom.
Amanhã espero que seja outro o tom


Parece que vai fazer Sol

Flores

Não sei se já foi falado isso
Quando comentado foi que o fardo de cada dia é pesado
Que possamos faze-lo então de flores
E que sejam macias as pétalas sobre nossos ombros

Alguém já citou, certamente
Falemos de flores, sempre!!!
Afirmação enfática que surge flagrante
No perfume de quem semeia o gosto pela vida

Pois o que é de mais saboroso
Do que sorver a suavidade de uma flor
Por quaisquer sentidos
Quando eles habitam uma mulher.

Homens são comuns em viver na insipidez
Mulheres são famosas por amar com lucidez

Flores e amores são mais do que parceiros de rima
São representações do que mais forte de um corpo sublima

Questionar o inquestionável é como tentar conhecer uma flor sem cheirar, tocar ou olhar
Conhecer uma pessoa possui a mesma linha de raciocínio, com a vantagem principal de ainda podermos escuta-la.

Quer ouvir uma flor um dia? Espere encontrar o seu amor.
Já escutei “o que me dizes me parecem rosas”
Já senti o perfume floral na boca de quem amei.
Não paremos de falar de flores...
mas não esqueçamos, também, de sempre procurar escutá-las.

BELEZA

Belo, beleza, bonito, lindo,...
É com certeza a pior das qualidades.
Ninguém tem ao certo a noção ou a coragem de expor o que considera aprazível,
Quanto mais dizer o que ao seu entender é horrível.
Quem teria a bravura de considerar uma barriga de grávida feia,
E bela outra repleta de vermes, ou ainda de álcool a lhe fazer cheia?
Engraçado o ser humano prender-se ao físico e material, procedimento este banal,
Avaliar o que lhe agrada pelo que vê e nunca por aquilo que é mais fácil de se perceber.
Que o belo é fruto do bem que emana,
É resultado da verdade que ilumina quem ama,
Que olha com os olhos da alma que nunca se engana.
Uma mulher é bela não por ser esguia,
Pois a fome tal quadro também desfia,
E não há beleza,
No que resulta tal leveza.
O homem não é bonito só pelo tônus,
Pois quem é escravizado também tem tal bônus,
Mas quem diz que é belo o músculo do escravo,
Tanto quanto do modelo afro, americo ou eslavo?
Quisera o ser humano conseguir enxergar
Tanto quanto sua mente pode pensar.
Quisera vermos o mundo com sua plenitude de feiuras e imperfeições,
Para podermos então tentarmos nos tornar perfeitos e puros em todas nossas aspirações.
Poderíamos tornar este planeta um lugar bonito nesta nossa breve passagem e, então,
Poderíamos sentar para apreciar a paisagem...

SEXO

Ainda lembro...

De seus olhos dentro da minha mente,
Atiçando qualquer excitação até então pouco latente,
Se alguém busca cura para tal sensação, eu já peço que ninguém invente,
Não sei se tal pensamento é inconseqüente,
Esperar que nossa união nos complete, nos acrescente,
Mas adoro que você me tente

Ainda sinto...

Deslizar minha mãos pelos teus braços macios e lisos,
Minha boca junto a sua a soltar risos,
Encontro de lábios com pele sem muitos avisos,
Só aqueles sussurrados, murmurados ou gemidos,
Mas mesmo que hajam carícias trocadas com movimentos precisos
O que importa é que não sejamos omissos

Ainda quero...

Me enredar em tua tão ardilosa armadilha,
Sentir o toque do veneno de teus seios, droga que me maravilha,
Explorar teu corpo com cuidado, como quem explora uma ilha,
Como náufrago beber de cada fonte de tua pele limpa como uma trilha,
esteja ela em teus lábios ou em tua virilha.


Ainda penso...

Em nós dois tensos e corpos unidos em um único suspiro,
Nossas cabeças tontas e leves como que depois de um giro,
Eu, intruso de seu calor, sentindo um espasmo como que a levar um tiro,
Em um gostoso abraço, enlaçado por um corpo que firo.

Preso a tua existência num orgasmo que não finda,
Ainda....
Ainda...
Ainda...

SAUDADE

Pensei hoje de manhã em você...
Pensamento que atravessou o dia inteiro e quedou em outro amanhecer.
Saudade que me percorre o corpo como que num arrepio,
Olhei para todos os rostos para ver em outros olhos quem a viu,
Matei minha necessidade por você em segundos de lembranças em fotos, filmes e cartas,
Sei lá porque fiz isso, pois todos estas emoções são frutos de representações
baratas.
Não senti teu calor, tua suave pele, sua maciez
Senti-me, isso sim, mais só e desesperado implorando pelo Deus que perfeita te fez,
Refleti cada minuto, em meu mundo confuso e poluto, em um sentimento que admitir reluto,
Saber que te amo,
que necessito para me manter ativo, sugar de tua energia o tanto que me faça vivo,
mais...não...nem mais um pouco reclamo.
Que como droga maldita, daquelas que até o mais alucinado evita,
Não sei se sinto amor ou ódio, por saber que sou dependente de tua pele na minha,
tua boca a destilar um vinho de ópio, de frutos colhidos de tua carne/ vinha,
Sonho com tuas mãos a me guiar sobre teu corpo prisão,
mesmo longe ainda és guardiã das chaves deste grilhão.
Saudades?
Sensação que atravessa o mundo passando por todas as cidades,
as medidas de distância em suas milhares de unidades,
as lembranças, sejam frutos de bondades ou maldades,
o tempo, seja em que era for em todas nossas idades.

Volta...nem que seja agora,
Venha...nem que seja para ir outra vez embora,
Retorna...já não vejo o dia, a hora,
Regressa...pois quem não volta mais é minha razão, que há muito está fora.

FIM

Corri em teu encalço naquela manhã e vi teus passos largos distanciarem teu corpo indiferente ao meu grito.
Olhei tua paisagem a sumir no horizonte e fez-se de meus olhos rio em lágrimas separando-me de parte do meu coração, que arrancado por tuas mãos sangrava aflito.

Não sangrei vermelho nem negro, o que corria de minhas veias era um féu verde, amargo de triste fim de vida, de triste fim de tudo.
Era o amargo de minha dor a corromper meu corpo torpe, agora fraco, mutilado, imundo, cego e mudo.

Só não estou surdo porque demônios pessoais explodem de minhas feridas recentes,
me deixando alerta de que teu campo é pasto de outro qualquer viril corcel.
Sei lá se me arrebento, se expludo, se me dilacero com meus dentes
Talvez ainda não o tenha feito porque em meus lábios resta ainda um naco de seu mel.

Quis crer em imortalidade e agora padeço,
pobre coitado nem sei se a paga por teu desdenho é só esta,
uma angústia sem preço.

Serei bravo? Serei forte?
Minha sepultura cavo? Me achego a Morte?
Seja de mim o que Deus quiser...

SEDUÇÃO


Pensei, em perto de ti chegar
Abusei, em teu nome chamar,
Acabei, vendo se afastar,
Passei, a tua presença esperar,
Olhei, esperando te achar,
Voltei, a teu nome sussurrar,
Chamei, você para dançar,
Usei, meus braços para te enlaçar,
Dancei, como se fosse flutuar,
Voei, dentro de seu olhar,
Contemplei, tua face como quem contempla o mar,
Acariciei, tua pele leve como o ar,
Cantei, só para seu ouvido escutar,
Hesitei, mas resolvi arriscar,
Amaldiçoei, meu corpo ao perto do seu ficar,
Achei, que ias me evitar,
Solucei, uma promessa de a ti me doar,
Beijei, agora acabou ou começou o meu penar,
Acreditei, que sobre seu repúdio a mim iria me falar


Chorei, quando você disse me amar.

DESEJO

Em teu fôlego quis tua vida,
desejei ser o teu instrumento na lida,
carta de amor escrevida,
anel em tua mão querida.

Almejei ser teu vestido colado,
Sol que faz teu rosto corado,
poema por ti declamado,
Cão servil ao teu lado.

Par de teu sonho escondido,
Peão de teu xadrez, pois rei, duvido,
brisa de verão, morna em teu ouvido,
som de tua voz a dizer “querido, querido..”

Desejo é querer toque de corpos onde tocam-se almas
É produzir marolas de amor onde houveram águas calmas,
É erguer-se no meio de minha dor e lhe render palmas,
É apropriar-se de ti, sendo escravo para ti, eterno até o final mas...

Quem é senhor dos sonhos?

DOM

Aconteceu-me de uma vez,
Em só um lampejo, descobri ser discípulo do desejo,
Nem sei como se fez.
Cativei a quem quis,
A quem amo ou me aninho, sou servo em paixão e carinho,
Nem sei como amante me fiz.
Vivo o amor como quem se dá à vida
Com ele sequer me importa frio ou calor, sequer me importa se sinto fome ou dor,
Nem sei como estou nessa lida.
Sei apenas e tão somente, que amar é o que de mais nobre um humano sente,
Sentimento que se apossou de mim lento, lento...
Recebi este Dom de braços abertos, como quem, afoito por ar, recebe o vento.
Hoje escrevo, falo e balbucio frases amorosas,
Tentando, talvez, tornar pessoas menos rancorosas,
Menos nervosas, raivosas,
Quem sabe mais sinceras para assim aproveitar o passar destas eras,
Eras de idas iras, Vidas de deveras lidas,
Descansar ao som de poesia, quem não gostaria?
Quem sabe mais amores contra tantos horrores?

Questões e mais questões.
Maravilha!!!
Afinal o que é a vida senão indagações?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Será que é?

Sedução nasce de um olhar
Adoece em uma meia-volta
Morre em um balançar de cabeça
Ressurge no toque
Cresce no veludo da voz

Amadurece no deslizar da palma da mão
E vai para o hospital com um simples não

Sedução nasce num balançar de cabeça
Adoece na ausência do toque
Morre sem o veludo da voz
Ressurge numa meia-volta
Cresce em um olhar

Envelhece, mas só fica melhor, se torna sensação experiente
Invisível ante alguns olhos, mas para quem sente é evidente

Sedução nasce no veludo da voz
Adoece volta e meia
Morre sem um olhar
Ressurge em um virar de cabeça
Cresce em um simples toque

É divertida, contagiosa, pega de vista em vista, tipo conjuntivite
E tem louco que acha que é sério, reza para que tal sensação lhe evite

Seduzir não é ter
Nem precisa ser
É tentar, da palavra tentação
Ou tentar, por experimentação

Se você ainda não sente
Por favor, um dia tente
Será um grato presente
A ti ou quem sabe para o outro ente

Mas para aqueles que evitam um sim ou não
No ato da sedução
Só me resta uma dedução
...tem louco pra tudo...

O Verdadeiro Poder de Deus

Quisera eu ter a noção de tudo no mundo.

Não sei se o desejo é certo e se isso iria ajudar ou prejudicar, mas é algo para se ocupar nos pensamentos, disso tenho certeza. Quanto mais penso no que cada fato reflete no dia a dia, na seqüência de outros novos fatos que irão acontecer, menos me percebo do todo. Será que é essa a condição de Deus? Ser onipotente é na realidade ser onisciente, o saber tudo é o poder absoluto? E a responsabilidade derradeira? Imaginei-me então um dia podendo saber de tudo e de todos, o que acontece e o que resultará de conseqüência de cada acontecimento passado.

Vi-me mais velho, preocupado, sisudo, contemplando um horizonte sem fim para muitos, mas já sem graça para mim. Então pensei que se pudesse tudo saber talvez pudesse a todos ajudar, não apenas aos meus próximos, mas todos nesta grande aldeia global.

Mas me lembrei de súbito que somos vários índios, muitos antropófagos, engolindo outros homens, sem ao menos entender o que eles têm a nos dizer. A barreira da língua, da cultura seria um grande obstáculo, não para que eles entendessem, mas para que eu percebesse que mesmo sabendo de tudo, será que eu entenderia o que aquelas tradições representariam para aquela nação? Será que me compreenderiam, me diriam louco, ou apenas me ignorariam?
Ser onisciente não seria o suficiente.

Deveria ser onipotente, mas de um modo que pudesse força alguma recusar os meus desígnios, afinal eu saberia quem poderia ou não estar contra minha vontade. Mas do que adiantaria isso se eu não pudesse estar em todos os lugares para controlar o que acontecia, pois em cada canto do mundo poderia alguém se insurgir, daí a homogeneidade dos meus atos não seria observada.
Então parei de imaginar tudo isso, quando já caia a tarde e no estômago me vinha uma sensação de fome. Voltei para casa, saciei minha necessidade e percebi que com o corpo físico não poderia fazer qualquer uma das coisas que havia questionado serem de Deus.

Se eu virasse um espírito então, uma alma solta no ar poderia estar em todo o lugar, em todo o tempo, saber de tudo e ter o poder de não ser tocado ou prejudicado...Aí me veio a revelação... do maior poder de Deus.

Ser onisciente, presente, poderoso, porém não ter corpo para ser visto, não ser escutado, não podendo ser tocado para ser considerado real e ainda assim todos que existem sob uma forma ou outra de religião acreditam em sua existência e se guiam por seus ensinamentos.

Percebi que o maior poder que Deus possui é o despertar da fé naqueles que nele crêem e me deitei feliz, pois após toda essa reflexão me deixou certo algo no meu coração.

Que minha fé é poderosa, nela me fortaleço e com ela ajudarei a quem puder e como puder.

Que possamos ser assim...com a benção de Deus.

PRISÃO

Coisas que me aprisionam existem aos montes por aí

Mas todas elas me libertam de uma forma ou outra

O sorriso de uma mulher
A risada de uma criança
Um vintém na mesa do bar
Uma bola de couro em uma rede de nylon
Uma gota de suor
Uma gota de álcool
Uma gota de chuva

O choro de um bebê
A mão estendida de uma criança
Um tostão no fim do mês
Uma caneta tinta azul no papel branco
Uma fatia de bolo
Uma fatia de carne
Uma fatia de sol

O abraço de um amigo
A vida dos que só vivem a sofrer
Um dinheiro em troca de nada
Uma tecla pressionada e uma palavra criada
Um som de pássaro
Um som de canção
Um som de água

Mas nada me aprisiona ou me liberta mais

Do que não saber o que deveria sobre as mulheres
Da amnésia do que fui como criança
De não dar valor ao que tem valia para muitos
De não me conhecer ainda e sempre estar buscando

Uma gota de suor
Uma gota de álcool
Uma gota de chuva
Uma fatia de bolo
Uma fatia de carne
Uma fatia de sol
Um som de pássaro
Um som de canção

Um som de água

Que mundo maravilhoso é esse

Que mundo maravilhoso é esse,
No qual não conhecemos ainda a poesia que não deva ser escrita,
A música que não possa ser ouvida,
A dança que não se permita partilhar com a pessoa amada,
A paisagem que não deva ser em tela representada.

Que mundo maravilhoso é esse,
Em que um amigo pode sentar ao lado de outro e cantar contente,
Canções que nos impedem de esquecer,
Que demonstrar alegria é natural em cada ser, em toda gente.

Que mundo maravilhoso é esse,
Em que podemos, mesmo ao desafinar,
Receber um sorriso de nossos filhos,
Quando uma cantiga entoamos à eles, ao ninar

Estranho e encantador é esse mundo maravilhoso
Pois nele tudo podemos, sob nossa única e sonora responsabilidade
E essa é a essência do saber, e isso é o que torna o ser humano poderoso,
O anseio pela cultura, em qualquer lugar, a qualquer idade

Quisera eu ter a fórmula desse nosso mundo maravilhoso,
Aonde, mesmo em raiva, amamos,
Aonde, mesmo com medo, sensíveis, choramos,
Aonde, mesmo quando destruímos, criamos,

E criamos nesse mundo, de um modo maravilhoso,
a consciência de que cada ato nosso possui sua conseqüência
e uma seqüência de fatos que resulta numa sentença quase sempre cria,
em cada ser, a necessidade de expressar
a nossa alegria de estar vivo.

Pois desde nosso alvorecer até o inevitável por do sol de nossa existência
Seja então nossa vida cantarolada ou com maestria executada
E nossa caminhada bailada ou em uma pintura emoldurada
Pois se não é uma arte saber viver
Então que mais seria?

Talvez nunca saibamos
Talvez descubramos um dia
Mas por que nos preocupar agora?
Por enquanto vivamos sem exageradas preocupaçõesNesse nosso mundo maravilhoso.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Que dó, Mãe

Ò mãe, que dó tenho de ti
Chora a torto e direito, o que seu filho deveria ser ou feito
Ó mãe, chora não
Pois para ti sempre seu filho será eterno bebê, mesmo se assim só você o vê
Ó mãe, pega ele e dá umas palmadas
Mas engula de novo o choro, pois cair lágrima seria desaforo
Ó mãe, se preocupa não
Palmadinha de amor não dói, tem uns que dizem que até constrói
Ó mãe, vê se mima menos ele
Cuida de não por muito açúcar no chá e nem muita bala lhe dar vá
Ó mãe, não é inveja não
Só quero colo, calo se for ganhar afago, mimo e agrado
Ó mãe que saudades
Do tempo que me dizia verdades e eu acreditava em amenidades
Ó mãe, que dó tenho de mim
Do tempo que não terei mais a senhora, me dá um presente que mate a hora.
Tu tem tudo no bolso do avental, tira de lá um remédio pra toda essa falta que você me faz
Ó mãe, que dó tenho de mim

Mãe Querida

Mãe querida
Mãe amada
Mãe necessária
Mãe luminária
Alumia minha via
Guia meu passo torto
Farol no teu rosto quando sorria
Estou seguro pois teu colo é meu porto

Mãe irmã
Mãe campeã
Mãe artesã
Mãe imã
Atrai minha atenção
Quando em perigo estiver
Garanta-me a proteção
De um guerreiro mulher

Mãe avião
Faça-me voar em tuas histórias

Mãe carvão
Aqueça-me o frio de meus medos

Mãe tudo

Pois em tudo está
E do nada algo sempre fará
Porquanto é senhora da criação
Portadora do dom da vida
Criadora e dona do futuro de povos
Eis que simplesmente mãe tu nunca será
Não há simplicidade em gerar, criar e doar filhos ao mundo
Quando no seu coração, bem lá no fundo
Jamais existirá lugar para si apesar do infinito espaço para os que ama.

Obrigado minha mãe.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Teoria do T


Talvez
seja só uma TonTeira
Teorizar
sobre o Trabalho de uma leTra
Também
pode ser só uma Teimosia
daquele Tipo, Tirania do desejo
Tomei noTa de que o T,
sim essa consoanTe,
tem função Tão imporTanTe
Tão grande que até Temo,
em não saber se vou Tremer ao Teorizar
o Torpor do TenTar
Tirar a Túnica
que Tapa essa Tese
o Tópico é TotaliTário,
nem um Tiquinho Tímido
dá seu Tom na música, no Timbal,
no Troar do TrompeTe,
no TanTan do Tambor,
no TilinTar do Triângulo e,
Tenham Tino,
aTé no TunTun do coração
quem Tem dúvida,
aTine o Tempo,
que Toca aTrair
nos seus Tiques e Taques,
a aTenção de Todos
na Tocaia do Tema,
Tive um aTôniTo TenTo
Tênue o Teólogo consome
que Deus é com T em seu nome

o Típico aTleTa
sabe que o Tônus é sua Tônica
se eroTiza, apenas a leTra T
no superlaTivo já diz,
de um Tapa,
que é Tara
TanTo de Trovar
nas Têmporas o Temporal
desTa hipóTese
é Terapia Transcrever o pensamenTo,
TexTualizar sem TiTubear
Tegiversar
Travando a língua
de TanTo TéTe a TéTe
Tenha então este TexTo como TesTe,
quantos Ts tem até o Término desta Trova?
ConTe TinTin por TinTin, até o fim
Sem Trincar os denTes de TanTos Ts, Talvez Tire um pouco da Tua Tristeza assim...