domingo, 27 de dezembro de 2009

Ano que vem

Costumeira é a fala
que ano que vem será melhor

faremos mais exercícios
amaremos mais
ganharemos mais dinheiro
conquistaremos mais amigos
será o ano que comeremos menos
erraremos menos
reclamaremos menos

É fato, não devemos aguardar o ano que virá
Devemos apenas deixar de esperar
E começar sim
a duas coisas apenas o mais e menos
Agir mais e falar menos

Que 2010 seja um ano de muita ação e pouca coação

Felicidades

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A letra de uma poesia que vou escrever amanhã

Você me deve um beijo que um dia pensou
na letra da poesia que não existe ainda.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tinha que ser tudo grande

Eu acho que na vida tudo tinha que ser grande
O Ser humano foi concebido para ser grande, para ser o maior
Não deu. Pena de Deus talvez. Ou sabedoria em nos dar só um algo grande e não tudo
Talvez para aprendermos a lidar com isso e depois conquistarmos aos poucos
o direito de sermos grandes por inteiro
Pessoas tem boca grande, para dividir o sorriso, a voz, a palavra de conforto
tem orelhas grandes, para serem bons ouvintes, para afinarem violões e pianos
Pessoas tem mãos e dedos grandes, para erguer pequenos bebês, tocar belas músicas
tem corpos grandes, para defenderem seus familiares, para dar segurança a quem tem medo
Pessoas tem cabeças grandes para sonharem muito, sonhos também enormes
tem pernas compridas para correr o mundo, alcançar onde a criança não alcança
Pessoas tem olhos grandes, para chorar por quem tem coração pequeno
Ainda procuro o fermento para o coração, mas não tem lojinha que venda pois na verdade se tivermos corações grandes para caberem outras pessoas
acho que cresceremos por inteiro.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um daqueles dias...

E hoje é um daqueles dias mesmo
Daqueles que você teima em dizer que tudo está errado
Mas se fica um momento só começa a questionar se o erro é deles
Ou se errado é o sentimento que parte do seu lado
Tempo quente, pessoas passando e preocupadas com seus afazeres
Sem tempo para olá como vai, muitos prazeres, pequenos prazeres
Ninguém é contínuo por que vida vai e vem em marolas
Tem gente que pára de pensar em Deus de vez em quando
Até as Carolas
Por que eu não deixaria de ser do meu jeito também?
Tenho que me acomodar no corpo enquanto o espírito está aflito
Tenho que gastar a energia enquanto a alma está plena
Senão terei ficado muito tempo lidando com um conflito
Para descobrir que no fim das contas o motivo nem valia a pena
Brincar é o melhor modo de passar o dia
Brindar é o melhor modo de finalizar a noite
Se não tive tempo de dia para a brincadeira, vou ver se compenso ao fim dele, com a saideira
Saúde aos meus amigos, fartura aos da família e queijo e vinho ao amor.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Perdido

Sabe que de vez em quando me perco e nem é por que sou aquele tolo sonhador
Não chego a sonhar olhando sua boca a falar e seus olhos a cintilar
Mas no fim me perco
Não fico nem um pouco interessado no que me diz e nem no que espera ouvir de mim
Tenho muito pouco a te falar e muita coragem para fazê-lo
Mas enfim, me perco
Acho que é esse meu jeito insensível, que fica longe daquelas pessoas que se destacam
Isso me faz ficar indiferente porém consciente de tudo o que é e o que pode ser
Mas até assim eu me perco
Com certeza é esse meu desinteresse em alcançar a plenitude do amor
Onde veja uma luz, seja ela do que for ou de quem vier, eu simplesmente a ignore
Fora de rumo, invariável é o fato que me perco.
Talvez por que negue tudo isso, sustente a mentira, não arrisque
Sim, é por isso, por escrever exatamente o contrário de como me sinto
É que faço o oposto do que tenho vontade
e dissimulo meu caminho
sem querer cruzar com o seu
então descubro
me achando só
que esse é o momento
em que me perco

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quadro de avisos

Calíope me disse que devo continuar a escrever apesar de discordar com Erato no que eu devo ter como foco.


Já que as duas não se entendem acabo ouvindo a Tália, mas Melpomne sempre faz drama e não sou de ficar entre choros e risos.

Terpsícore convidei para dançar tantas vezes mas como falava com Urânia, e ela vivia com a cabeça na lua, acho que nunca passou meus recados.

Achei que Polímnia ia me ajudar com um novo hino a vida, mas percebi que não é esse tipo de música que preciso.

Conhece alguma Euterpe para me apresentar?

Fábula do Amor Verdadeiro

Era uma vez dois pequeninos camundongos
Os dois viviam atrás do fogão da casa do padeiro
então sempre, como era costumeiro
caiam restos de comida, razão de seu sustento
Afinal, os dois saiam o mínimo
 fora da fresta que habitavam
sair mais do que um corpo de distância sequer arriscavam.
Eis que a fêmea do casal resolveu fugir daquela situação
Cansada da vida miserável e sem perspectivas
 idealizou a busca pelo amor verdadeiro
O camundongo, contrariado, dizia dos perigos do mundo externo
Perguntou se ela não tinha amor pelo seu lar
Mas para ela ficar não era mais do que um lugar de sofrer em eterno
Saiu, com o parceiro a ficar com a casa
e as migalhas recolhidas durante a sua vida em conjunto
Passou pela despensa e o rato que ali morava acenou
Ela então parou e uma breve conversa teve com o roedor
Ele disse que ali a fartura imperava e que tudo de bom sempre havia
Questionou se ela não teria amor pelas posses que lhe oferecia
A pequena roedora ficou tentada, mas disse que muito mais no mundo lhe aguardava
E seguiu seu caminho
Longe do rato e da sua cobiça material insana
Passou pela área de serviço e avistou uma grande ratazana
Esta lhe interrompeu brutamente
Era forte e truculenta, moradora do ralo
Espantava a todos os pequenos bichos com seu rabo, chicote em estalo
Ofereceu abrigo e disse que ali ninguém a incomodaria,
poderia ir a despensa quando quisesse furtar comida,
 ir a cozinha soturnamente fuçar o fogão
 isso tudo sob sua tutela e proteção
Perguntou se a sua integridade física e o domínio sobre os outros não era o amor que procurava
Mas sequer resposta teve pois há muito a pequena se distanciava
Afinal não era aquilo que ela esperava.
Deparou com a porta que dava para o jardim e viu quão belo era o exterior
Mas o êxtase da paisagem pouco demorou
de repente, trocou o seu lugar pelo do terror
Pois surgiu um enorme gato, alvo e ágil
Em seu pescoço um colar e um pingente com o nome Destino
Ele era velho, sábio, imponente
porém para ela não era nada mais do que um felino
Trazia na outra pata, outro camundongo e fez uma oferta
Perguntou do seu amor pela vida e ofereceu para trocar pela do outro roedor
Ela recusou e falou que amar a vida sobretudo é buscar preservá-la
E que na pequena odisséia que tivera até aquele momento aprendera
Que o amor verdadeiro pode até não ser encontrado,
 mas devemos buscar para que o caminho para ele seja trilhado
Falou que na sua fenda, ao lado do companheiro, era conformada
Ao lado do rato da despensa seria acomodada
Junto a ratazana da área de serviço seria apenas aprisionada
O gato pensou um pouco e soltou os dois ratinhos
ela perguntou intrigada o que ele estava a fazer
E ele em um sorriso sábio e sarcástico começou a dizer:
" Sigam a sua busca pois não é hora ainda de vocês terem comigo. Vou fazer o meu papel para aqueles que, a despeito do que sabem, acham que eu nunca chegarei.
Mesmo na segurança dos seus lares, estarei lá para visitá-los, pois, no fim, sou inevitável. "
E seguiu para a área de serviço, pensando no caminho mais curto para a despensa e depois o fogão
Ficou um remorso na camundongo fêmea, mas ela sabia, como disse o gato, que aquilo um dia aconteceria.
Olhou para o lado e viu que o outro ratinho a convidava para sair ao jardim continuar sua caminhada
Ela pensou e sorriu

O destino é estranho
nos arrebata com uma mão, mas sempre nos oferece algo novo com a outra
não nos cabe entender
mas aproveitar as oportunidades que ele vem a oferecer.

E seguiram na relva verde até nunca mais serem vistos

domingo, 1 de novembro de 2009

Continua Linda (rap)

Este não samba vai para quem continua acreditando
seja janeiro fevereiro ou março
Continuar linda, continua sendo
Mesmo que não tenha aquele abraço
Continuar nessa lida, comandando a massa
Alô moça que sorri,
que seu caminho pelo mundo
você mesmo
faça
Se você já me esqueceu
Trago lápis, régua e compasso
Faço
O caminho do meu peito
Em um único traço
Para receber
aquele abraço
Para ver se quem sabe de mim sou eu
E mais você
pois continua linda
continua guerreira
alô alô
E aquele abraço?


(baseado em "Aquele Abraço - Tim Maia")

Possessão

Pode alguém possuir alguém
Se nem a si mesmo tem?
Não temos posse sobre ninguém
Só nos cabe o dever de responsabilidades  ter
se ansiamos por ela(e), mas não por vil desejo
pois quebra a alma apropriar-se de outro ser
Se não for obra do amor sincero que almejo
Seria passar por louco, falando a esmo
Desejar ter poder
onde deveria haver apenas bem querer
Se não sou senhor de mim mesmo
E meus atos me delatam
Por que continuo a ferir alguém que digo amar
Se minhas palavras seu espírito maltratam
E a minha alma só fazem despedaçar?
Quando não existimos em doação
Para quem sonhamos um belo futuro
Não seremos salvos em oração
E nem por culpa ou excessiva adoração
É tarde
Perfuramos nosso coração duro
Plantamos a semente da discórdia e desavença
Colhemos seus frutos amargos
Mas renasceremos na esperança
 a passos largos
Sabendo ser cedo
Se o amor for nossa crença

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Conhecendo alguém

Conheci alguém
Mentira meu bem
Na realidade é Deus que apresenta
Ganhei presente esses dias
Conheci alguém
Verdade meu bem
Impressão que já me conhecias
Mas não, vê se não esquenta
Ninguém conhece ninguém
Afinal todas as histórias são iguais
Umas um pouco menos
As nossas um pouco mais
Conheci alguém
Não se preocupe meu bem
só tem um sorriso
que nem, que nem
ai!
um apito de trem
uuu uruuuuuu!
Avisa cantando de improviso
uruuuuuu!
Sai da frente meu bem

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O nosso "Errado" ou o "Certo" Alheio

Nem tudo no mundo tem apenas dois lados, como o certo e o errado, o justo e o injusto, o bom e o mau.

Há em todos os cantos, e não em um só, variações das mais diversas, inúmeras erradas e muitas certas

Fazer a opção por apenas uma delas como a correção absoluta ou a maldade plena é normal, mais fácil e conveniente.

Porém vez ou outra temos um momento de lucidez e mudamos tudo, viramos de pernas para o ar e ainda assim, ao invés de plantar bananeiras, colhemos rosas.

Acho que é por que algumas vezes temos que fazer a opção por algo diferente, sair da mesmice, sermos espontâneos e sobretudo, seguirmos o que nosso espírito diz e fazer o que está mais em sintonia com a nossa alma.

Gostaria de ser assim sempre, mas nem o infinito é definitivo como dizem por aí, então por que nos preocuparmos em fazer o que dizem que é o mais certo e evitamos o que é errado?

Muitas vezes é fora de controle e acabamos sendo o que somos forjados a ser, mas é tão bom poder ter essa liberdade para simplesmente, no final, sermos o que somos.

Eu mesmo me pego cada vez mais sendo o que sou, não o que desejo e muito menos o que anseiam.

Não por que seja isso ou certo ou o errado, talvez seja por luz divina, inspiração da vida ou simples sina
ou é o destino que me rege que gosta de me fazer cantar mais alto e fora do tom

Sei lá

melhor

a gente já sabe, só não pratica

é hora de mudar e toda a mudança começa em alguém e não nas coisas

afinal nós somos vivos e não inanimados

Não seria agora uma boa hora para mudar, mas sendo apenas nós mesmos

E não o que querem que sejamos?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Fábula da Palha, do Galo e do Espantalho

Era uma vez uma grande fazenda
igual não havia todo mundo dizia
Das árvores os frutos só os melhores e da criação
só o melhor do leite, do ovo,... enfim, farta a produção
Mas havia um Galo matreiro, sempre ladino, arteiro e alvissareiro
Agitava a todos os animais para produzirem sempre mais e mais
Apesar de muito pouco contribuir além do canto que devia ser matinal,
Mas tal qual Galo que tudo tem, já desperdiçava seu cocoricó como Pedro Bó
A qualquer hora e sem dó.
Mas todos os animais penosos o consideravam, pois regulava o ouro da fazenda
Ouro da gema do ovo, por favor me compreenda.
Então ele mesmo montava o seu habitual ardil, mesmo que vil, para manter seu posto
Mesmo que seu canto fora de hora, seu jeito de bicar as patas alheias, fosse de mal gosto.
A cada tempo havia uma grande eleição na Fazenda, para dizer quem, fora o dono,
seriam os conselheiros do que deveria ser considerado prioridade, e no comando deles
um tipo de Rei, torno de qual todos adejariam seu trono.
O Galo nunca foi Rei, não queria e nem podia... o animal do cargo teria que ser o mais sábio e forte
teria....se não fosse o Galo, que sempre gostava de ter o controle da situação e fazia para si a sua sorte
Marcada a eleição, antes a reunião com todos os animais de penas, no galinheiro alvoroçados
Gansos, Marrecos, Galinhas, Codornas, Patos, afinal, todos os emplumados
Passava um a um uma palhinha de milho com o nome do novo rei e mais um tanto de outros nomes
Essa era a guia para se dizer, que devia ser o que era para ser, lógico que no seu entender
De amigos, comparsas e infelizes que tentassem lhe servir para apaziguar as suas fomes
Mas o velho Galo tinha sua estratégia manjada, nenhum dos animais de grande porte lhe queriam mais nada
Ocorreu-lhe pegar um atalho,
em um súbito momento de loucura,
colocou o nome na palhinha
sendo o do Espantalho
Pois pensava ,como já fazia antes com um ser vivo
falar pelo boneco, dizendo ser seu representante ativo
Elegeram-se outras aves e um ou outro  cavalo ou asno que serviam ao galo de coche,
até mesmo um velho bovino
E o nome do espantalho chamou a atenção de todos bichos da fazenda, pois era grande o desatino
Mas quando meses depois o fazendeiro passou ao lado do espantalho forrado de palha
Uma situação lhe pareceu falha,
todos os bichos parados a admirar
Um rei feito de pretensão, remendos e rombos
Com um galo a cantar em seus ombros

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Bombas na Zona de Conforto

Não é um título muito comum, mas a situação já foi ou é ou será para muitos
todo mundo passa por uma fase de bombardeio na zona de conforto
Aquela na qual ficamos anos executando uma tarefa cíclica e monótona
apenas por que estamos bem onde estamos, não incomodamos e tão pouco
e principal
somos incomodados.
Pois bem, te digo meu amigo, existem aqueles que bombardeiam a zona de conforto
Muito são os que o fazem apenas para ver o que acontece com este ou aquele
Mas, pasmem, percebi que ser bombardeado é bom!
Quem o faz pretendendo prejudicar mal sabe que é a melhor coisa que pode fazer
para um amigo e não para um inimigo
eu mesmo percebi que uma hora ou outra no futuro, eu mesmo vou querer plantar uma grande bomba
e bem no meio da minha própria zona de conforto.
Apenas assim pessoas evoluem
e com elas novas idéias surgem, inovações nunca pensadas antes pela parcimônia do "estar bem como está"
e com isso até instituições podem progredir, sob a égide do desejo de mudança, de recuperação
Exemplos no mundo existem até de nações que se reergueram mais fortes após um bombardeio
Por que nós não podemos ser assim?
Se um dia sofrer um bombardeio e sobreviver a explosão de sentimentos confusos que florescem após ela
Não pense mais do que possa agir.
Faça mais e planeje muito menos.
Só podemos construir uma casa maior, mais forte e renovada em um mesmo terreno se
pusermos abaixo aquela que nos dava o conforto antigo.

Amigo...

Se perder seu emprego
Não procure outro,... crie a sua empresa.

Se pensar em escrever uma carta para aquela única pessoa
Junte mais folhas e faça um livro para muitos lerem

Se perdeu um ente querido, até chore
Mas tente buscar mais amigos para preencher o vazio

Se houver uma eleição, não mude seu voto por não concordar
Seja Candidato

Se lhe falta saúde não se achegue da cama e de um copo de chá
Pega sim um cantil com água e começa a praticar um esporte

Se lhe dizem que é feio ou tem uma  péssima conversa
Não mude sua aparência ou seu jeito de falar
Muda de amigo

Se lhe tiram a voz para reclamar
começa a cantar

Se lhe tiram a casa
Dorme sobre a relva, contemplando a lua

Se lhe tiram a vida
não se preocupe, pois lhe darão asas

Em toda a mudança algo de bom sempre virá
Mesmo que você não possa perceber a princípio
E muitos sejam os que combatam este "pensar em mudar"

Existia um país que sempre estava a beira da crise
e os seus governantes , habituais na governança
diziam que uma singela mudança nesta condição de segurança
, faria o país mudar radicalmente
Realmente mudou
Para melhor

E não por que houve outro governante no lugar do de outrora
Mas por que os que ali habitavam sabiam que havia chegado a sua hora
Veio o momento de mudança e ele ocorrereu em cada casa
Suavemente, como a mariposa bate a asa
Mas gerando uma onda de motivação ao trabalho e comprometimento
Não para resolver o caso naquele tão derradeiro momento
Mas sim para mudar um pouco o que cada um sentia e cada um sonhava
Agora todos tinham o mesmo sonho, mas ainda assim cada um esperava
Que viessem outra vez os aviões da discórdia para bombardear seu campo
Só para ter oportunidade de renovar seus lares, seus hábitos e seus espíritos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A HORA

Chegou a hora de me calar
para aqueles que eu tinha tempo para ouvir,
mas não tinham nada para me falar.

Sempre há tempo para ser o que desejamos desde menino
e momentos para atuar naquilo que nos compete
mas no fim apenas cumprimos o destino

Mas tudo tem a hora certa
esperar não é ser condescendente
é ter atitude pensada, correta e esperta

Não somos donos do mundo
sequer somos seus arrendatários
estamos aqui de visita, e sabemos disso a fundo

Podemos fazer a bagunça que for
mas cada ato tem um preço certo
o bem se paga com amor e a falta dele, com dor

Conhecer a sensação que amarga o peito
não é maldade em seu todo e muito menos em parte
no fim das contas, é uma lição para ser de outro jeito

Não tenho medo do que está por vir
pois por certo virá e pouco tenho a fazer
senão me preparar, para ou rir ou quem sabe chorar

É hora para tentar mais uma vez não me enganar, ajeitar minha vida
Erguer a cabeça, estufar o peito, achar um naco de ânimo
Pois sempre acho que no fim de tudo ou antes disso
terei uma surpresa merecida.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O que cabe a cada um

Quem diz que cabe um à cada um
não entende o que é o tudo
desconhece o que é único
percebe que falta algo
mas não sente o que é ausente
soma dois a nada
não tem resposta e pensa
que falta muito
pois não sabe o quanto
completa seu copo
por que meia medida é
coisa cheia ou coisa vazia
por que não conhece
nem seu próprio tamanho.
Abraça então o mundo
pois se não conhece seu centro
o fato é que
a solução de imprecisa equação
aumenta teu universo
até que não falta mais nada para conhecer
nem a você.
Se creio no que escrevo?
Claro, pois apesar de não ser claro
É a luz que percebo
ainda no meio do caminho
Para me descobrir sozinho.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Falando Merda!

E sem pudor nenhum acho que devíamos falar a fedida palavra vez ou outra
E outra vez se assim for para ser
Tem muita gente que fala e acredita que o que sai da boca é coisa certa
Assim como toda escova tem pêlo em suas cerdas
Palavras amontoadas não são mais que um monte de merdas
E o legal disso tudo é que é bom botar pé firme em cima de tanta cáca
É um momento bom de desconjurar demônios e pesadelos da forma mais babaca
Xingando quem te fez mal, mesmo que em pensamento é depurar
É limpar o ar, é clarear a cabeça e jogar fora todo o pensar podre e imprestável
Para poder depois de limpar a cabeça se sentir mais leve e real
afinal
como o inglês bem diz "bull shit' não deixa de ser merda só por que é de touro
assim como no português equivale aquela dita de ouro de tolo
o negócio na realidade é não escutar as merdas de outros por que são reis, atores ou reitores
presidentes, diretos e diretores, amigos amásios ou amores, ninguém ou alguéns e
achar no fim de tudo que tanta merda são flores, não é ser amável.
É passar por ignorante. Mas ignore isso e vá avante.
Fala a sua quantia de merda, o tanto que sirva para adubar um bocado de coisa
Uma risada ao ver a cara de espanto
Uma repreensão que escutará com um sorriso na boca, escondido no canto.
Uma gargalhada
Um cair de disfarces
Um abraço, um tapinha no ombro, um "deixa disso'
Só para ver quem faz o quê, quando você falar uma palavra
que não é nada mais que a condição de alguns
e para nós só um desabafo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Fábula da Reencarnação

Existia uma vez uma pequena lagarta que em casulo se encerrou e quando já borboleta, buscou botar seus ovos em lugar nobre, de onde as pequenas lagartinhas pudessem ter mais chance de vida, tendo acesso a mais comida. Morreu, fato inevitável. Alçou vôo maior e foi para o céu das borboletas. Só esclarecendo, no fim o céu é o mesmo para todos, mas como uma repartição pública tem vários departamentos, várias etapas pode até se dizer assim também.
Chegando lá foi recebida por um pássaro belo e dourado que a acolheu alegre e amavelmente dizendo " Serás pássaro na próxima vida, já que teve o zêlo além do necessário por sua cria". Voltou a viver, sem a memória do que havia acontecido no céu ou em outra vida, mas sobrava no seu interior, na centelha da alma, a experiência de que poderia fazer melhor . Era o pássaro mais rápido, mais zeloso com seus afazeres, cantor de primeira, maravilhava os animais da floresta e da fazenda vizinha. Passou seu tempo na terra e mais uma vez faleceu. Chegando aos céus, já lembrava do que lhe acontecera como lagarta, borboleta e também como pássaro. Logo a porta do paraíso um pequeno mas mimoso gato lhe recebia confessando que devia ir mais uma vez a vida, como felino, prêmio por uma série de atos que havia realizado. Conheceu assim, pela primeira vez o ser humano. Foi gato garboso em casa de madame, ronronava para as crianças, era limpo, imponente, porém também preocupado em ficar próximo da dona, que era muito velhinha, como que sabendo que sua presença ali era importante. Passaram suas sete vidas da lenda e mais uma vez foi aos céus. Fora então recebido por um cão. Já lembrando de tudo o que vivera, perguntou ao cachorro quando seria um ser humano, e lhe foi respondido que o processo evolutivo da alma era demorado e que na realidade dependia muito mais dele do que outra coisa.
Voltou então a Terra como cachorro, servindo de guia para um cego. Foi e voltou várias vezes, como um leopardo, um mico, um chimpanzé, um gorila, um cavalo e nesta última foi recebido por um senhor alto, cabelos negros e rosto calmo que também lhe orientou como todos os outros haviam feito...era o seu momento tão aguardado.
Desceu dos céus e nasceu em um belo país banhado pelo mar mediterrâneo. Era filho de pescadores, corria descalço em praias de pequenos seixos. Cresceu e foi ganhar a vida. Aproveitou cada momento. Festas e amigos não lhe faltavam ao alcance, pois todos pareciam querer lhe escutar, mas o que muito falava era a vontade por viver. E assim o fez até envelhecer. Ganhou muito dinheiro que gastou tão rápido quanto possível. Realmente pôde dizer que aproveitou a vida quando enfim morreu para a existência carnal. Voltou aos céus para ver o que lhe esperava e pasmou ao não enxergar ninguém a sua espera. Viu um brilho tênue perto do seu pé e surpreendeu-se ao ver uma formiga prateada a lhe fitar e informar que seria um inseto na próxima encarnação. Ficou triste, aborrecido e contrariado e perguntou o que havia feito de errado. A formiga lhe disse " Você possui o livre arbítrio de ser como quer ser em qualquer existência. É muito difícil ser como deveríamos para que assim pudéssemos realmente ajudar a outros evoluir".
Baixou a cabeça e voltou para a mais profunda terra, mas não desistiu e seguiu todo o caminho árduo de volta, sendo vários animais e culminando mais uma vez como ser humano. Voltou na Índia, crescendo e se tornando um monge. Agora realmente tinha o que falar àqueles que faziam peregrinação À sua morada. Viajou o mundo em grandes encontros que não festas, mas reuniões com milhares que procuravam alento, conforto e iluminação. Quando veio a lhe faltar mais uma vez a existência terrena, percebeu que sua alma brilhava como nunca antes. Chegou aos céus e nada encontrou. Olhou até mesmo para ver se outro inseto viria ao seu encontro. Só escutou uma voz...
- " Irmão..."
- " Quem é?" Perguntou assustado
- " Sou a Lagarta que te encaminhou à terra na primeira vez. Sou também o pássaro, o gato e todos os demais animais que te receberam neste mesmo local."
- " Não te vejo."
- " Ainda não."
- " Então o que faço agora? Como retornarei a Terra?"
- " Não retornará. Fica agora no meu lugar. Agora é tua vez de iluminar uma nova alma. E logo nos encontraremos como seres de luz em nossa morada final"
Transformou-se e esperou no seu novo posto. E esperou como um professor tranquilo e com um imenso sorriso no rosto ao perceber que do mundo se aproximava em sua direção uma alma que brilhava intensamente...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Riscos

( Este texto é um resumo, uma compilação do roteiro de um filme Imax sobre riscos no salto com para quedas. Retirei a parte técnica e vejam só a pérola que resultou e agora divido com vocês)


Diz-se que o maior risco é
aquele que não se corre.
Não procuramos o risco apenas
pelo risco em si.
Se você tem uma paixão, se você
tem alguma coisa que adora fazer,
às vezes você precisa aceitar
o risco e aprender como minimizá-lo.
Pois é o desejo de assumir riscos que
alimenta a busca por conhecimento.
Riscos que valem a pena assumir,
são limitados apenas pela imaginação.
Numa parte do cérebro que
controla a resposta ao risco...
realidade e a imaginação são a mesma coisa.
É por isso que os sonhos parecem tão reais.
E ousar sonhar ter uma vida melhor para
nós e para nossas famílias é suficiente...
para fazer o coração de qualquer um voar.
Sinta o seu coração bater.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tempo

Era um
Dividi em dois
te dei uma parte
Perdeste o teu
Dividi de volta
Reparti de novo
Ainda assim perdeste de volta
Mais uma vez fiz a partilha
Te dei outra vez sem exitar
Falou-me de volta que eu fizera você perder tua parte mais uma vez
Continuei dividindo e repartindo e o meu nunca me fez falta
E para você, por mais que lhe desse, sempre me disse que o havia perdido.

O que seria?

A Lenda renovada

Quem conhece a Lenda do menino holandês que salvou sua cidade ao colocar seu dedo em um buraco em um dique que estava prestes a romper? Bem, essa é uma derivação, digamos uma sequência possível.
Spaarndam agora era uma cidade bem diferente daquela que o garoto de oito anos tinha salvo de ser arrasada pelo rompimento do dique. Sua atividade principal continuava sendo o plantio de tulipas, mas agora o dique que servia de abastecimento de água para irrigação e suprimento da pequena cidade havia sido reforçado.
A prefeitura da cidade havia distribuído em vários terrenos, com a concordância dos cultivadores e moradores, vários muros de 3 a 4 metros de altura, com comprimentos diversos, de largura superior a 5 metros e feitos da mais sólida pedra. A intenção principal era conter e desviar água e lama que porventura viessem de um improvável rompimento do famoso dique.

É nesse ponto que retorna a história o pequeno menino, agora com seus 40 e poucos anos. Virara um dos responsáveis pela manutenção destes muros, pois sua fama o precedia. Sempre incansável percorria cada um dos muros, distantes entre si algumas centenas de metros,as vezes até quilômetro e meio havia de distância entre um e outro, quando mais distantes da pequena represa. Anos se passaram e foi se tornando visível que a modernidade havia contido a fúria da água represada. Os trabalhadores que mantinham os muros de contenção foram realocados para outras tarefas. Menos o nosso protagonista da história que se manteve irredutível.

A Prefeitura ante a teimosia do antigo herói não teve outra saída senão despedi-lo. Mas ainda assim, em um ato incompreendido ele mantera suas funções, trabalhando aqui e ali por um prato de comida, quando fazia a manutenção das muradas.Tinha sua vida particular, família e outras atividades, mas sempre, na mesma época, era comum vê-lo vagar pelos caminhos que percorria, a manter a sua antiga função. Toda semana passava ele, então, na frente da minha casa, e pedia o mesmo prato de comida, pegava suas ferramentas e arrumava uma pedra aqui ou acolá, aconselhava-me sobre como manter a disposição da minha casa quanto ao muro para obter maior proteção.

Anos se passaram assim e aquilo foi crescendo como uma situação de incômodo para mim, pois a insistência do agora já senhor era imutável. Irritava mesmo aquela força de vontade, aquela obstinação por manter aquelas velhas pilhas de pedras em bom estado. Quando vi ele conversando com minha filha de 7 anos sobre o mesmo assunto achei ridícula a situação. Conversei com outros moradores e agricultores da região e começamos a fazer planos para derrubada das muradas. Isso aumentaria inclusive nossa área de plantio. Ainda assim o agora ancião outrora ídolo da cidade procurava junto a prefeitura interromper os processos de demolição dos muros e, vejam quanto abuso, aparecia sempre a frente das casas se oferecendo para fazer a manutenção.

Começamos a lhe negar a conversa e findamos negando até mesmo o prato de comida e o infeliz insistia em vir manter a murada em frente da minha casa. Que despropósito. Comecei a soltar os cachorros durante o dia em que sabia que ele aparecia, mas no dia seguinte estava ele lá. Ameacei-o várias vezes para ver se o espantava e nada. Estava eu mesmo prestes a derrubar o muro quando a estação das chuvas se iniciou.

Choveram dias a fio e uma bela manhã o sol pespontou no horizonte, sobrando algumas nuvens negras para o lado do dique. Minha filha brincava junto a maldita murada quando senti um tremor seguido de um rugido alto e medonho. Aquilo me apertou o coração. Saí na varanda de casa e minhas pernas desfaleceram. Vi próximo a casa uma enxurrada desenfreada vindo, arrebentando o que encontrava pela frente,... o dique rompera! Agora o demônio contido ali estava arrastando a tudo... e minha filha ali ao lado do muro...corri em sua direção mas á agua e lama chegaram antes... O muro imponente e impassível desviava valentemente tudo o que a enchente lhe arremessava, me dando tempo de socorrê-la e nos refugiar em casa. Como toda a tempestade, o terror e o nível da enchente começaram a baixar.

Dias depois fomos a sede da prefeitura ver o que faríamos com os prejuízos. Procurei o velho ancião esperançoso de poder me redimir e agradecê-lo, quando veio a notícia solene do prefeito, em alta voz, da sua morte, enquanto estava ele a arrumar um muro há algumas milhas de minha propriedade. Não foi feito um minuto de silêncio. Houve um emudecer nas almas das pessoas presentes por muitos e muitos instantes. O prefeito com a voz embargada começou a ler uma carta do velho e renovado herói, que salvara mais uma vez a cidade e orientara que se algo um dia lhe acontecesse este papel chegasse as nossas mãos. Sorrimos por que a cada frase lida reconhecíamos as orientações dadas pelo ancião, metódicamente e insistentemente, de como manter as muradas que nos protegiam, da orientação da cosntrução das casas e plantações e ao fim de todo o texto apenas uma singela frase.
" Obrigado Deus por ter podido ser útil"
.
.
.
.
Hoje, a cada determinado tempo, a cidade se reúne em mutirão, faz vários pratos de comida e alegremente cantamos e arrumamos as muradas de cada casa e plantação da região, insistentemente como deveríamos ser sempre, com aquilo que acreditamos, buscando o bem daqueles que amamos...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Fome

Antes não tivera conhecido quem me rouba os sonhos
Quando jogo migalhas à um passarinho e aos que passarão
Padeiro que sou eu de mão cheia
Faço fornadas de pães de ló , em consideração
Tantos que dá dó vê-los jogados ao chão
Sei que faço demais e até doce em demasia, enjoa
Mas o cozinheiro não despreza quem come hoje ou amanhã, apenas cantarola a toa
Quando prepara um ou mil pratos
Sejam seus clientes fartos ou alheio aos fatos.
Quer fazer para os outros o que melhor lhe aprova o dom.
Dar sentido a vida, dar-lhe textura, sabor e tom.
O Padeiro que sou não se cansa de procurar a receita perfeita,
Aquela mistura precisa que nunca poderá ser refeita
Que quando o próprio cozinheiro levar a boca o quitute
Por mais que ele resista, negue, evite ou lute
Saiba que é aquele o alimento de seu corpo e a necessidade de sua alma.
Mesmo que no anseio de esperar a massa crescer, enquanto descansa mais calma,
custe-lhe mais do que o desejo de quem anseia provar,
em pequenos mordiscos e não apetite cruel,
insistente criança a queimar os dedos e a língua com o calor do não
males dentro do corpo difíceis de curar
amargor de féu
e nada mais então.
Quisera eu que não me tivessem roubados os sonhos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

FAROL

Sempre disse que é difícil se perder
Quando se tem um porto seguro
Sejam amigos
Seja a família
Sempre há alguém prá te salvar de algum apuro
Tem aquela praia mais calma e fácil
Que tem um marola calma, onda dócil
Acolhendo da volta de uma tempestade, com a nave em frangalhos
Aprumando seu corpo, pedindo para que estufe seu peito como vela enfunada.
Achei um farol desses um dia, brilhava longe até mesmo na escuridão
Foi um simples sorriso que me tirou da profundeza de uma momentânea solidão.
Salvou mais alguns dos meus náufragos pensamentos
Atirou uma salva de palavras que foram mais do que um salva vidas
Foram o fim de meus lamentos
e o início de novas aventuras a serem vividas.

Inspiração

Se me perguntam qual a receita da inspiração para escrever
Digo que são os mesmos ingredientes, porém preparados de maneiras diferentes
O principal, e talvez este seja o ponto difícil de aprender
É que nós somos, nesta mistura o item principal e, apesar disso, meros recipientes
Então anote aí, mas sintasse a vontade de retirar ou colocar algo
Pegue coisas de seu dia a dia, um sorriso que lhe deram, um beijo recebido, um abraço doado
Não, não acrescente complementos, por que a vida tem o gosto que tem, eu não adoço e muito menos salgo.
Junte os sentimentos que anjos , cupidos e querubins lhe trazem, guarde do lado do coração, ainda cru e sem ter sido cozido pelos anos vividos. Isso vai dar um gosto especial para sua alma, o recheio que dá vida ao prato.
Reserve um pouco de fôlego em cada pulmão para que as faltas de ar, que ocorrem a simples lembrança daquela, não lhe deixem doces suspiros suprimidos.
Deixe ferver nos raios do sol que brilham em tempo de céu azul e pássaros a cantar, e ponha para descansar sobre a areia de uma bela praia, debaixo do corpo de quem ama, para fazer crescer com o fermento do carinho. Cresce mais quando adicionamos volúpia e sexo, mas costuma desandar.
Esse é um modo de uma bela inspiração preparar. Só serve a duas porções no primeiro momento, mas se vingar, pode ser repartido em porções menores no futuro.

Agora o outro depende muito pouco de você, apesar de continuar sendo o recepiente.
Quem fará o preparo será outra pessoa. Não repare se ela não tiver zelo ou cuidado qualquer com os ingredientes ou mesmo com o vasilhame que você é.
Alguns momentos ela, ou ele, utilizarão utensílios pouco convencionais, como papel mal escrito, frase dura e sem ponta, voz seca para esvaziar o recheio da alma ou simplesmente o pé.
O abraço, o beijo, o sorriso e tudo mais que lhe deram serão devidamente socados de encontro a seu peito, como que triturados, muitas vezes por um processo de transferência de todos esse itens para um outro recipiente,que gozará do preparo mais agradável.
Todos os sentimentos com asas serão depenados, pena a pena sem pena, retirados do lado do coração e fundidos ao fígado, para criar um gosto de féu, um amargo na boca. Esse é o gosto final de nossa segunda versão da tão desejada inspiração.
O segundo prato fica melhor a cada dia que passa, não cresce, fica uma massa feia e dura, mas rende muitas e muitas porções servidas em poesias, versos, músicas. Não é incomum servir-se acompanhado de um belo copo de lágrimas.

Bem, a receita está aí, talvez você já tenha até ela decorada e não ache nada demais.
Espero que consiga prepará-la da melhor maneira que lhe convier, mas acredito que acabará sendo do jeito que o mestre destino quiser.

Bom apetite

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vem aí um Livro

Estou escrevendo um livro e vou deixar o arquivo disponível no blog.

Isso quando descobrir como fazer...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vai Devaneio

Sempre paro um pouco para pensar.
Nesses dias não quero conversa
Não quero escrever
Não quero ler
Só cabe o pensamento na caixa de pandora
Habitam nela minhas dúvidas
os males do meu mundo
é só uma caixa
é só minha
é só meu
fundo
findo
indo
in

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Frio é...

Frio é coisa passageira
Junta um no outro, acaba logo a friera
Fica sozinho, chama uma cana na língua
Já se faz o gelo derreter a míngua
Só passa frio quem quer?
Não é não, quisera ser isso uma razão.
Tenha dó de quem tem pouco para se cobrir,
Pano roto revestido de pó
Não sabemos que coberta nos cobre de noite
Escolhemos a dedo aquela que não pinica, aquela mais macia
Pensamos no calor de nossas casas, repletos de morna sensação, mas de alma vazia
Fico querendo ser algo mais, lareira para alguém, conforto sem necessitar de vintém
Frio é... quando não aquecemos o coração ao lembrar
Daqueles que realmente sabem oque o frio é.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Amigo mesmo?

Quem disse que ama o que é
É por que tem pouca fé no que pode ser
Todo mundo pode mudar hoje e colocar o rosto pra fora da janela
Quem sabe isso aconteça comigo
Ou só com ela
Sempre achei que minha vida não devia ser novelo e nem novela
Não queria partilha-la com ninguém
Podia parecer conto triste contado para arrancar lágrima
Ou coisa tola para se enrolar, para se envolver em lástima
Mas aprendi que só podemos rir do teatro que é nossa vida se contarmos a nossa história
Só podemos desembaraçar alguns laços se pedimos ajuda à mão amiga
Sei lá se isso gera glória....ou sei lá...intriga
Mas é muito bom estar ao lado da pessoa companheira
Que até na besteira mais derradeira
Coloca o ombro como soleira, para colocarmos nossas aflições
E por que não dizer nossas alegrias que quebram a monotonia
Tem dia que você adia
Encontrar um amigo,
Sujeito a ficar na chuva sem abrigo
Cada pinga de água que bate no topo da cabeça
É choro que corre do olho,

Cachaça
Gota que serve só um minuto até que o motivo se esqueça
Como é bom abraçar forte, encostar a cabeça contra o peito
Daquele jeito que não tem rejeito,
Que escuta dois corações bobalhões
Cantando a mesma canção, confortável e segura
No enredar de braço a braço, mão a mão
Sem sins e sem nãos, senão aquele que figura
No azul dos olhos belos, em que mergulha o pensamento solto
Esperando uma carpa de boca carnuda pular do riacho revolto
E abocanhar tudo o que já foi dito, como se fosse um singelo mosquito
Zunindo e zunindo, acabou o que eu tinha que falar e agora,
Dissimulado
Fugindo
Vou indo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Perguntas?

Caramba estou de perna bamba?
Já não tenho saco para guardar minhas 'oras bolas'?
Estou querendo mudar por inteiro, virar guerrilheiro?
Isso me preocupa o mesmo que me ocupa?
Não fico animado com nada acima abaixo ou do meu lado?
Não fico mais decepcionado que a cabeça cortada pelo cepo acionado?
Por que essa depressão que me deu sem pressa ?
Acho que é quando paro de escrever e começo a ler que paro de pensar e tento compreender?
Vivo em um mundo a parte e mudo em parte estou?
Volto a mim ou me revolto enfim?
Tento e tento e atento mas quem ganha o tento?
Ali vivo só porque é um alívio?
Então?

Faço a pergunta errada por que não quero ouvir a resposta certa?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bicho Homem

Bicho Homem, quase sempre só bicho
Vira gato vira lata remexendo seu lixo
Procura xêpa , sardinha, para alimentar a fome mesquinha
Vira cachorro sarnento pra causar dó, veste sofrimento para ficar só
Corre atrás da condução do viver que perdeu
Se o carro pára, não late, não morde,
Até a coragem faleceu

Vira rato escondido pelos cantos, buscando migalha de pão,
Arrasa qualquer lar por pedaço de queijo de fábula, rói até o cerne o coração de papelão
Vira gato velho, sem dono, sem lei, sem casa
Senão a sua própria vontade, que rasga com garras,
comendo engasgado o pássaro sem asa
Querendo fugir do que lhe deu o destino
Vira verme no intestino,
Lagarta que não renasce em borboleta,
só tece seda para seu calor que mal dá para uma camisa
Vira bicho coxo que se derruba na mais leve brisa, capenga errante, pangaré ofegante
Só é corcel quando prova de uma mulher um gole do seu doce e bêbado mel
É como mágica de borralheira que transforma camundongo no alazão da cocheira
Refuga o medo da ratoeira pelo belo sol do alvorecer
Que brilha em uma juba leonina bela e alva, radiante sem nada a temer
Pêlo eriçado e excitado, sede por sangue, carne que copiosamente anseia roubar

de um naco na pele menina
como muda a besta homem para o homem besta
quando amansa a crina é a mão da musa que vira o feitiço
dele ser animal senhor do bicharedo para ser prisioneiro bicho de estimação só dela
mas vivendo cada dia como rei da selva de pedra, sem medo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bicho preguiça

Se achegar da fera não te dá o direito de domá-la
só te dá a chance de ser devorado
Cuspir uma semente na rua
não quer dizer que plantou uma árvore só sua

Selar o cavalo não te garante a montaria
Só pode lhe valer o coice
Fazer o que te mandam não gera valor
só soldo
Criar pintinhos no terreiro
não é certeza de canja o ano inteiro
Agora se você se propor a correr riscos
Talvez consiga domar um leão, montar no alazão,
passear na floresta, aproveitar o tempo que nos resta
Pois tudo é muito rápido, como raio em chuva de verão
Pode acontecer várias vezes, mas o verão um dia troca de lugar com outra estação
E você perdeu
Perde
E não tem chance de apostar o mesmo tanto,
pois sua carteira da alma se esvazia de motivos e alegrias a cada ano
E acaba pensando que o risco melhor a correr é tentar descobrir como é viver em outro plano
Vá se catar, mas se juntar mesmo, daquilo que você um dia já foi
Se recomponha, cabeça erguida, sem pensar no que lhe oferece a vida
Mas sim o que você pode arrancar dela a força, com convicção e garra
viver pode não ser uma farra
mas é preciso alguma pressão
para cozinhar a canjica
Se está tranquilo no entanto e já matou a preguiça
Me chama prá tua casa
Que ele levo minha alegria e algum pão
e você me receba de braços abertos
Com Cerveja, carne e linguiça.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Parece que vai chover

O céu acinzenta, colocando tudo em movimento,quando venta
Corre velho corre novo, foge moça foge senhora,
até cachorro se apavora
Sobe cheiro de terra molhada, de grama cortada,
Que ozônio que nada
Muda temperatura, para ficar seco sobra aflição no peito
Tudo se dá um jeito
Ônibus lota, trânsito trava, impaciente buzina,
criança azucrina
Dia da meninada levar surra, preso em casa
Passarinho recolhe a asa
Vem a enxurrada
Que fazer? Claro que nada.
Molha de cima até embaixo
Velhinha debaixo da marquise com guarda chuva
Leva xingamento de político, padre e viúva
Desaforo, eu acho
Não pega freio a bicicleta velha
Não acende a luz do poste
Não esquenta a meia molhada
Não existe táxi na esquina
Corre solta a água, escoando para o bueiro
Azar de quem está na rua e se molha inteiro
Faz o veículo onda pra surfista
Xinga o pedestre com o dedo em riste a vista
Termina isso em minuto numa cidade e aqui dura quase que o eterno
Não dá pra reclamar, mas é algo que vem de berço com a gente
Nasci aqui e não fui levado por enchente
Mas reclamo de três quatro estações em um dia
Já vi de manhã a noite, invernos e verões,
e teve tempo que até neve se via
Vai a chuva vem o tempo bom.
Amanhã espero que seja outro o tom


Parece que vai fazer Sol

Flores

Não sei se já foi falado isso
Quando comentado foi que o fardo de cada dia é pesado
Que possamos faze-lo então de flores
E que sejam macias as pétalas sobre nossos ombros

Alguém já citou, certamente
Falemos de flores, sempre!!!
Afirmação enfática que surge flagrante
No perfume de quem semeia o gosto pela vida

Pois o que é de mais saboroso
Do que sorver a suavidade de uma flor
Por quaisquer sentidos
Quando eles habitam uma mulher.

Homens são comuns em viver na insipidez
Mulheres são famosas por amar com lucidez

Flores e amores são mais do que parceiros de rima
São representações do que mais forte de um corpo sublima

Questionar o inquestionável é como tentar conhecer uma flor sem cheirar, tocar ou olhar
Conhecer uma pessoa possui a mesma linha de raciocínio, com a vantagem principal de ainda podermos escuta-la.

Quer ouvir uma flor um dia? Espere encontrar o seu amor.
Já escutei “o que me dizes me parecem rosas”
Já senti o perfume floral na boca de quem amei.
Não paremos de falar de flores...
mas não esqueçamos, também, de sempre procurar escutá-las.

BELEZA

Belo, beleza, bonito, lindo,...
É com certeza a pior das qualidades.
Ninguém tem ao certo a noção ou a coragem de expor o que considera aprazível,
Quanto mais dizer o que ao seu entender é horrível.
Quem teria a bravura de considerar uma barriga de grávida feia,
E bela outra repleta de vermes, ou ainda de álcool a lhe fazer cheia?
Engraçado o ser humano prender-se ao físico e material, procedimento este banal,
Avaliar o que lhe agrada pelo que vê e nunca por aquilo que é mais fácil de se perceber.
Que o belo é fruto do bem que emana,
É resultado da verdade que ilumina quem ama,
Que olha com os olhos da alma que nunca se engana.
Uma mulher é bela não por ser esguia,
Pois a fome tal quadro também desfia,
E não há beleza,
No que resulta tal leveza.
O homem não é bonito só pelo tônus,
Pois quem é escravizado também tem tal bônus,
Mas quem diz que é belo o músculo do escravo,
Tanto quanto do modelo afro, americo ou eslavo?
Quisera o ser humano conseguir enxergar
Tanto quanto sua mente pode pensar.
Quisera vermos o mundo com sua plenitude de feiuras e imperfeições,
Para podermos então tentarmos nos tornar perfeitos e puros em todas nossas aspirações.
Poderíamos tornar este planeta um lugar bonito nesta nossa breve passagem e, então,
Poderíamos sentar para apreciar a paisagem...

SEXO

Ainda lembro...

De seus olhos dentro da minha mente,
Atiçando qualquer excitação até então pouco latente,
Se alguém busca cura para tal sensação, eu já peço que ninguém invente,
Não sei se tal pensamento é inconseqüente,
Esperar que nossa união nos complete, nos acrescente,
Mas adoro que você me tente

Ainda sinto...

Deslizar minha mãos pelos teus braços macios e lisos,
Minha boca junto a sua a soltar risos,
Encontro de lábios com pele sem muitos avisos,
Só aqueles sussurrados, murmurados ou gemidos,
Mas mesmo que hajam carícias trocadas com movimentos precisos
O que importa é que não sejamos omissos

Ainda quero...

Me enredar em tua tão ardilosa armadilha,
Sentir o toque do veneno de teus seios, droga que me maravilha,
Explorar teu corpo com cuidado, como quem explora uma ilha,
Como náufrago beber de cada fonte de tua pele limpa como uma trilha,
esteja ela em teus lábios ou em tua virilha.


Ainda penso...

Em nós dois tensos e corpos unidos em um único suspiro,
Nossas cabeças tontas e leves como que depois de um giro,
Eu, intruso de seu calor, sentindo um espasmo como que a levar um tiro,
Em um gostoso abraço, enlaçado por um corpo que firo.

Preso a tua existência num orgasmo que não finda,
Ainda....
Ainda...
Ainda...

SAUDADE

Pensei hoje de manhã em você...
Pensamento que atravessou o dia inteiro e quedou em outro amanhecer.
Saudade que me percorre o corpo como que num arrepio,
Olhei para todos os rostos para ver em outros olhos quem a viu,
Matei minha necessidade por você em segundos de lembranças em fotos, filmes e cartas,
Sei lá porque fiz isso, pois todos estas emoções são frutos de representações
baratas.
Não senti teu calor, tua suave pele, sua maciez
Senti-me, isso sim, mais só e desesperado implorando pelo Deus que perfeita te fez,
Refleti cada minuto, em meu mundo confuso e poluto, em um sentimento que admitir reluto,
Saber que te amo,
que necessito para me manter ativo, sugar de tua energia o tanto que me faça vivo,
mais...não...nem mais um pouco reclamo.
Que como droga maldita, daquelas que até o mais alucinado evita,
Não sei se sinto amor ou ódio, por saber que sou dependente de tua pele na minha,
tua boca a destilar um vinho de ópio, de frutos colhidos de tua carne/ vinha,
Sonho com tuas mãos a me guiar sobre teu corpo prisão,
mesmo longe ainda és guardiã das chaves deste grilhão.
Saudades?
Sensação que atravessa o mundo passando por todas as cidades,
as medidas de distância em suas milhares de unidades,
as lembranças, sejam frutos de bondades ou maldades,
o tempo, seja em que era for em todas nossas idades.

Volta...nem que seja agora,
Venha...nem que seja para ir outra vez embora,
Retorna...já não vejo o dia, a hora,
Regressa...pois quem não volta mais é minha razão, que há muito está fora.

FIM

Corri em teu encalço naquela manhã e vi teus passos largos distanciarem teu corpo indiferente ao meu grito.
Olhei tua paisagem a sumir no horizonte e fez-se de meus olhos rio em lágrimas separando-me de parte do meu coração, que arrancado por tuas mãos sangrava aflito.

Não sangrei vermelho nem negro, o que corria de minhas veias era um féu verde, amargo de triste fim de vida, de triste fim de tudo.
Era o amargo de minha dor a corromper meu corpo torpe, agora fraco, mutilado, imundo, cego e mudo.

Só não estou surdo porque demônios pessoais explodem de minhas feridas recentes,
me deixando alerta de que teu campo é pasto de outro qualquer viril corcel.
Sei lá se me arrebento, se expludo, se me dilacero com meus dentes
Talvez ainda não o tenha feito porque em meus lábios resta ainda um naco de seu mel.

Quis crer em imortalidade e agora padeço,
pobre coitado nem sei se a paga por teu desdenho é só esta,
uma angústia sem preço.

Serei bravo? Serei forte?
Minha sepultura cavo? Me achego a Morte?
Seja de mim o que Deus quiser...

SEDUÇÃO


Pensei, em perto de ti chegar
Abusei, em teu nome chamar,
Acabei, vendo se afastar,
Passei, a tua presença esperar,
Olhei, esperando te achar,
Voltei, a teu nome sussurrar,
Chamei, você para dançar,
Usei, meus braços para te enlaçar,
Dancei, como se fosse flutuar,
Voei, dentro de seu olhar,
Contemplei, tua face como quem contempla o mar,
Acariciei, tua pele leve como o ar,
Cantei, só para seu ouvido escutar,
Hesitei, mas resolvi arriscar,
Amaldiçoei, meu corpo ao perto do seu ficar,
Achei, que ias me evitar,
Solucei, uma promessa de a ti me doar,
Beijei, agora acabou ou começou o meu penar,
Acreditei, que sobre seu repúdio a mim iria me falar


Chorei, quando você disse me amar.

DESEJO

Em teu fôlego quis tua vida,
desejei ser o teu instrumento na lida,
carta de amor escrevida,
anel em tua mão querida.

Almejei ser teu vestido colado,
Sol que faz teu rosto corado,
poema por ti declamado,
Cão servil ao teu lado.

Par de teu sonho escondido,
Peão de teu xadrez, pois rei, duvido,
brisa de verão, morna em teu ouvido,
som de tua voz a dizer “querido, querido..”

Desejo é querer toque de corpos onde tocam-se almas
É produzir marolas de amor onde houveram águas calmas,
É erguer-se no meio de minha dor e lhe render palmas,
É apropriar-se de ti, sendo escravo para ti, eterno até o final mas...

Quem é senhor dos sonhos?

DOM

Aconteceu-me de uma vez,
Em só um lampejo, descobri ser discípulo do desejo,
Nem sei como se fez.
Cativei a quem quis,
A quem amo ou me aninho, sou servo em paixão e carinho,
Nem sei como amante me fiz.
Vivo o amor como quem se dá à vida
Com ele sequer me importa frio ou calor, sequer me importa se sinto fome ou dor,
Nem sei como estou nessa lida.
Sei apenas e tão somente, que amar é o que de mais nobre um humano sente,
Sentimento que se apossou de mim lento, lento...
Recebi este Dom de braços abertos, como quem, afoito por ar, recebe o vento.
Hoje escrevo, falo e balbucio frases amorosas,
Tentando, talvez, tornar pessoas menos rancorosas,
Menos nervosas, raivosas,
Quem sabe mais sinceras para assim aproveitar o passar destas eras,
Eras de idas iras, Vidas de deveras lidas,
Descansar ao som de poesia, quem não gostaria?
Quem sabe mais amores contra tantos horrores?

Questões e mais questões.
Maravilha!!!
Afinal o que é a vida senão indagações?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Será que é?

Sedução nasce de um olhar
Adoece em uma meia-volta
Morre em um balançar de cabeça
Ressurge no toque
Cresce no veludo da voz

Amadurece no deslizar da palma da mão
E vai para o hospital com um simples não

Sedução nasce num balançar de cabeça
Adoece na ausência do toque
Morre sem o veludo da voz
Ressurge numa meia-volta
Cresce em um olhar

Envelhece, mas só fica melhor, se torna sensação experiente
Invisível ante alguns olhos, mas para quem sente é evidente

Sedução nasce no veludo da voz
Adoece volta e meia
Morre sem um olhar
Ressurge em um virar de cabeça
Cresce em um simples toque

É divertida, contagiosa, pega de vista em vista, tipo conjuntivite
E tem louco que acha que é sério, reza para que tal sensação lhe evite

Seduzir não é ter
Nem precisa ser
É tentar, da palavra tentação
Ou tentar, por experimentação

Se você ainda não sente
Por favor, um dia tente
Será um grato presente
A ti ou quem sabe para o outro ente

Mas para aqueles que evitam um sim ou não
No ato da sedução
Só me resta uma dedução
...tem louco pra tudo...

O Verdadeiro Poder de Deus

Quisera eu ter a noção de tudo no mundo.

Não sei se o desejo é certo e se isso iria ajudar ou prejudicar, mas é algo para se ocupar nos pensamentos, disso tenho certeza. Quanto mais penso no que cada fato reflete no dia a dia, na seqüência de outros novos fatos que irão acontecer, menos me percebo do todo. Será que é essa a condição de Deus? Ser onipotente é na realidade ser onisciente, o saber tudo é o poder absoluto? E a responsabilidade derradeira? Imaginei-me então um dia podendo saber de tudo e de todos, o que acontece e o que resultará de conseqüência de cada acontecimento passado.

Vi-me mais velho, preocupado, sisudo, contemplando um horizonte sem fim para muitos, mas já sem graça para mim. Então pensei que se pudesse tudo saber talvez pudesse a todos ajudar, não apenas aos meus próximos, mas todos nesta grande aldeia global.

Mas me lembrei de súbito que somos vários índios, muitos antropófagos, engolindo outros homens, sem ao menos entender o que eles têm a nos dizer. A barreira da língua, da cultura seria um grande obstáculo, não para que eles entendessem, mas para que eu percebesse que mesmo sabendo de tudo, será que eu entenderia o que aquelas tradições representariam para aquela nação? Será que me compreenderiam, me diriam louco, ou apenas me ignorariam?
Ser onisciente não seria o suficiente.

Deveria ser onipotente, mas de um modo que pudesse força alguma recusar os meus desígnios, afinal eu saberia quem poderia ou não estar contra minha vontade. Mas do que adiantaria isso se eu não pudesse estar em todos os lugares para controlar o que acontecia, pois em cada canto do mundo poderia alguém se insurgir, daí a homogeneidade dos meus atos não seria observada.
Então parei de imaginar tudo isso, quando já caia a tarde e no estômago me vinha uma sensação de fome. Voltei para casa, saciei minha necessidade e percebi que com o corpo físico não poderia fazer qualquer uma das coisas que havia questionado serem de Deus.

Se eu virasse um espírito então, uma alma solta no ar poderia estar em todo o lugar, em todo o tempo, saber de tudo e ter o poder de não ser tocado ou prejudicado...Aí me veio a revelação... do maior poder de Deus.

Ser onisciente, presente, poderoso, porém não ter corpo para ser visto, não ser escutado, não podendo ser tocado para ser considerado real e ainda assim todos que existem sob uma forma ou outra de religião acreditam em sua existência e se guiam por seus ensinamentos.

Percebi que o maior poder que Deus possui é o despertar da fé naqueles que nele crêem e me deitei feliz, pois após toda essa reflexão me deixou certo algo no meu coração.

Que minha fé é poderosa, nela me fortaleço e com ela ajudarei a quem puder e como puder.

Que possamos ser assim...com a benção de Deus.

PRISÃO

Coisas que me aprisionam existem aos montes por aí

Mas todas elas me libertam de uma forma ou outra

O sorriso de uma mulher
A risada de uma criança
Um vintém na mesa do bar
Uma bola de couro em uma rede de nylon
Uma gota de suor
Uma gota de álcool
Uma gota de chuva

O choro de um bebê
A mão estendida de uma criança
Um tostão no fim do mês
Uma caneta tinta azul no papel branco
Uma fatia de bolo
Uma fatia de carne
Uma fatia de sol

O abraço de um amigo
A vida dos que só vivem a sofrer
Um dinheiro em troca de nada
Uma tecla pressionada e uma palavra criada
Um som de pássaro
Um som de canção
Um som de água

Mas nada me aprisiona ou me liberta mais

Do que não saber o que deveria sobre as mulheres
Da amnésia do que fui como criança
De não dar valor ao que tem valia para muitos
De não me conhecer ainda e sempre estar buscando

Uma gota de suor
Uma gota de álcool
Uma gota de chuva
Uma fatia de bolo
Uma fatia de carne
Uma fatia de sol
Um som de pássaro
Um som de canção

Um som de água

Que mundo maravilhoso é esse

Que mundo maravilhoso é esse,
No qual não conhecemos ainda a poesia que não deva ser escrita,
A música que não possa ser ouvida,
A dança que não se permita partilhar com a pessoa amada,
A paisagem que não deva ser em tela representada.

Que mundo maravilhoso é esse,
Em que um amigo pode sentar ao lado de outro e cantar contente,
Canções que nos impedem de esquecer,
Que demonstrar alegria é natural em cada ser, em toda gente.

Que mundo maravilhoso é esse,
Em que podemos, mesmo ao desafinar,
Receber um sorriso de nossos filhos,
Quando uma cantiga entoamos à eles, ao ninar

Estranho e encantador é esse mundo maravilhoso
Pois nele tudo podemos, sob nossa única e sonora responsabilidade
E essa é a essência do saber, e isso é o que torna o ser humano poderoso,
O anseio pela cultura, em qualquer lugar, a qualquer idade

Quisera eu ter a fórmula desse nosso mundo maravilhoso,
Aonde, mesmo em raiva, amamos,
Aonde, mesmo com medo, sensíveis, choramos,
Aonde, mesmo quando destruímos, criamos,

E criamos nesse mundo, de um modo maravilhoso,
a consciência de que cada ato nosso possui sua conseqüência
e uma seqüência de fatos que resulta numa sentença quase sempre cria,
em cada ser, a necessidade de expressar
a nossa alegria de estar vivo.

Pois desde nosso alvorecer até o inevitável por do sol de nossa existência
Seja então nossa vida cantarolada ou com maestria executada
E nossa caminhada bailada ou em uma pintura emoldurada
Pois se não é uma arte saber viver
Então que mais seria?

Talvez nunca saibamos
Talvez descubramos um dia
Mas por que nos preocupar agora?
Por enquanto vivamos sem exageradas preocupaçõesNesse nosso mundo maravilhoso.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Que dó, Mãe

Ò mãe, que dó tenho de ti
Chora a torto e direito, o que seu filho deveria ser ou feito
Ó mãe, chora não
Pois para ti sempre seu filho será eterno bebê, mesmo se assim só você o vê
Ó mãe, pega ele e dá umas palmadas
Mas engula de novo o choro, pois cair lágrima seria desaforo
Ó mãe, se preocupa não
Palmadinha de amor não dói, tem uns que dizem que até constrói
Ó mãe, vê se mima menos ele
Cuida de não por muito açúcar no chá e nem muita bala lhe dar vá
Ó mãe, não é inveja não
Só quero colo, calo se for ganhar afago, mimo e agrado
Ó mãe que saudades
Do tempo que me dizia verdades e eu acreditava em amenidades
Ó mãe, que dó tenho de mim
Do tempo que não terei mais a senhora, me dá um presente que mate a hora.
Tu tem tudo no bolso do avental, tira de lá um remédio pra toda essa falta que você me faz
Ó mãe, que dó tenho de mim

Mãe Querida

Mãe querida
Mãe amada
Mãe necessária
Mãe luminária
Alumia minha via
Guia meu passo torto
Farol no teu rosto quando sorria
Estou seguro pois teu colo é meu porto

Mãe irmã
Mãe campeã
Mãe artesã
Mãe imã
Atrai minha atenção
Quando em perigo estiver
Garanta-me a proteção
De um guerreiro mulher

Mãe avião
Faça-me voar em tuas histórias

Mãe carvão
Aqueça-me o frio de meus medos

Mãe tudo

Pois em tudo está
E do nada algo sempre fará
Porquanto é senhora da criação
Portadora do dom da vida
Criadora e dona do futuro de povos
Eis que simplesmente mãe tu nunca será
Não há simplicidade em gerar, criar e doar filhos ao mundo
Quando no seu coração, bem lá no fundo
Jamais existirá lugar para si apesar do infinito espaço para os que ama.

Obrigado minha mãe.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Teoria do T


Talvez
seja só uma TonTeira
Teorizar
sobre o Trabalho de uma leTra
Também
pode ser só uma Teimosia
daquele Tipo, Tirania do desejo
Tomei noTa de que o T,
sim essa consoanTe,
tem função Tão imporTanTe
Tão grande que até Temo,
em não saber se vou Tremer ao Teorizar
o Torpor do TenTar
Tirar a Túnica
que Tapa essa Tese
o Tópico é TotaliTário,
nem um Tiquinho Tímido
dá seu Tom na música, no Timbal,
no Troar do TrompeTe,
no TanTan do Tambor,
no TilinTar do Triângulo e,
Tenham Tino,
aTé no TunTun do coração
quem Tem dúvida,
aTine o Tempo,
que Toca aTrair
nos seus Tiques e Taques,
a aTenção de Todos
na Tocaia do Tema,
Tive um aTôniTo TenTo
Tênue o Teólogo consome
que Deus é com T em seu nome

o Típico aTleTa
sabe que o Tônus é sua Tônica
se eroTiza, apenas a leTra T
no superlaTivo já diz,
de um Tapa,
que é Tara
TanTo de Trovar
nas Têmporas o Temporal
desTa hipóTese
é Terapia Transcrever o pensamenTo,
TexTualizar sem TiTubear
Tegiversar
Travando a língua
de TanTo TéTe a TéTe
Tenha então este TexTo como TesTe,
quantos Ts tem até o Término desta Trova?
ConTe TinTin por TinTin, até o fim
Sem Trincar os denTes de TanTos Ts, Talvez Tire um pouco da Tua Tristeza assim...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Toma!!

Depois da sola do sapato na cara
O bêbado só pode soluçar
Quando troca o gosto da borracha
Pelo amargo da cachaça

Depois do tapa na cara
O homem só pode dançar
Quando troca a mulher que quer
Pelo amargo daquela que vier

Sempre que tenho dúvidas eu escrevo
Sempre que escrevo, gero dúvidas
Não sei se questiono para ter respostas
Ou só para alimentar meu anseio por saber
Que nem tudo pode ter apenas uma solução
Como numa equação
Que permita mais

Mas estou sossegado
Com uma ou outra coisa
E uma delas é que me divirto em colocar
Uma palavra após outra
A preencher o branco do papel,
Como cafetina que anseia em encher seu bordel
Procuramos, ambos, algum tipo de prazer
Sem pensar se vamos ofender ou quem sabe
Na idéia de alguém, ascender
Por achar isso um dom divino
Só é divino se é dividido
Se é só seu...é uma maldição

Obrigado por me ajudar a me expurgar de meus demônios

Prelúdio do Flerte



Te vi sentada só e perguntei se não me esperava,
“Não sei porque não perguntei se não se enxergava”
Sentei-me em sua mesa pois sabia ser meu charme irresistível,
“Só não fugi pois bloqueava meu caminho, passar era impossível”
Contei-lhe uma ou duas de minhas qualidades,
“Até quando agüento este desfile de vaidades?”.
Percebi em teus olhos como crescia seu desejo e ansiedade,
“Melhor não olhar para ele, ou vou ficar com ânsia de verdade”
Convidei-a para tomar algo, talvez sua timidez se desfaça,
“Tudo bem,se é de graça...”
Comecei a dizer-lhe coisas profundas e belas,
“Talvez consiga tapar meus ouvidos com a cêra das velas”
Lancei um olhar perfeito e apaixonado,
“Acho que é vesgo o coitado”
Peguei em tua mão com leveza e ternura,
“Será que esta faca fura?”
Pedi um belo jantar e um bom vinho,
“Opa, a comida está a caminho”
Senti que me contemplava como quem olha o infinito,
“Até que de tão feio, até que ele é um pouquinho bonito”
Sorri com aquilo como um menininho,
“Bonito não, engraçadinho”
Depois daquela noite e até hoje nos encontramos,
somos namorados
“Como diz um velho ditado, só erramos se tentamos,
Daí sabemos se estamos errados”
Ou não...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Prelúdio do Desejo

Em teu fôlego quis tua vida,
desejei ser o teu instrumento na lida,
carta de amor escrevida,
anel em tua mão querida.

Almejei ser teu vestido colado,
Sol que faz teu rosto corado,
poema por ti declamado,
Cão servil ao teu lado.

Par de teu sonho escondido,
Peão de teu xadrez, pois rei, duvido,
brisa de verão, morna em teu ouvido,
som de tua voz a dizer “querido, querido..”

Desejo é querer toque de corpos onde tocam-se almas
É produzir marolas de amor onde houveram águas calmas,
É erguer-se no meio de minha dor e lhe render palmas,
É apropriar-se de ti, sendo escravo para ti, eterno até o final mas...

Quem é senhor dos sonhos?

Como queda de folha

Como queda de folha

Cai outono
Como queda de folha

Fica a tristeza
Como queda de folha

Vem o inverno
Como queda de folha

Derruba a Lágrima
Como queda de folha

Enche o chão
Como queda de folha

Passam os meses
Como queda de folha

Eu me desoriento
Como queda de folha

Então me leva o vento
Como queda de folha

Quebrado e pisado
Como queda de folha

O solo amacia e me chama
Como queda de folha

Morrem as sensações
Como queda de folha

Por que foi embora?
Por que foi embora?
Por que foi embora?
Como queda de folha

Tá, entortei o verbo!
Não bebi da garapa, não apanhei do rapa
Digo isso, sustento, levanto a cabeça e dou minha cara a tapa
Então tá, enrolei a palavra
Fiz rocambole da letra, deixei a conjugação perneta
Fui ao reles perguntar o que é proxeneta
Pasmei com cáften? Nem.
Sorri do rufião? Sei lá então.
Entendi coisa nenhuma.
Então besta fiquei.
Bestifiquei .
Nada sei, não dancei, não dá em nada, eu sei.
Danar me ei.
Miei às donas
Que gato safo
Safo ás donas
Safado
Me safei
Línguas matronas
Sob rimas mandonas
Põe em si a
carapuça
E vê de logo que
Quando o querer empapuça
Difícil é escrever a poesia.
Tem pressa não.
Tem medo não.
Escreve quando quiser.
Escreve quando puder.
Seja linha torta, de pensamento bobo
E de palpite leso o rabisco arisco
Vale o palpitar do peito
Quem sabe ler carinho,
Aprende a entender respeito
Se não vira escritor, pelo menos expressa amor
Pelo menos por hora, direito.
Ta não saiu perfeito
Mas ta escrito, ta feito, não te ajeito e não admito rejeito
Agito, grito e faço rito de quem diz o dito pelo não dito
Não escreveram o que você é? É por que não é.
Pelo menos não para esse não, ou aquele ou ele.
O que vale sou eu
que gastei o que digo
de maneira gostosa, mas foi contigo
tá, pode ser que eu entortei o verbo.