segunda-feira, 19 de abril de 2010

Oceano

Nas águas mansas do mar
Coloquei meu pesar
e temores
Espero
receber paz
como paga
que me traz
 pela onda de espuma branca
que vaga.
Como oferenda
além
de  flores
descarreguei
também
meu pranto.
Mãe da água me entenda
e faça
que não sofrerei
mais esse tanto.

Mas quando for sol
me deixa ver de seus mares
o verde de seus olhares

Sereia
Me trata como tritão
 e não como tranquilo
Cavalo do marinho
pois não
não sou areia
mensurado ralo ou fininho
ou me entende
como sou
Netuno ou Poseidon
Ou posarás
sem dono
em não me terás 
nenhum turno
noite ou dia
quem se faça então de
a alegria
que me chamas
 no som da concha
 imitando
 crepitando
em um peito 
em chamas
que é afável de um lado
e feroz
de outro jeito.
Não há oceano no mundo que consiga aplacar esse fogo
mas mantê-lo acesso não depende de duras penas
Mas manter sem se afogar
é um jogo de braços e pernas
em alto mar
como quem nada
 em águas fundas
Ou sabe nadar
ou se juntas
ao junco
para lhe auxiliar a boiar.

Vou com calma
em tormenta
Para ver se minha alma
alquebrada
aguenta
Mas não será por muito
pois vejo a luz verde de um recanto farol
me chamando
para o colo da terra
que alguém me disse
em sussurro
que me dará porto seguro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Silêncio

As vezes em que fiquei mudo
produzi mais som na cabeça
do que ruído com a boca
Escutei por que queria
Calei por que devia
Não disse nada,
 por que
 para dizer
 nada havia
Vai o trovão rugir
E o leão trovejar
falar algumas vezes
é confusão
calar muitas vezes
é submissão
Falar e calar sabiamente
é perfeição
Palavras magoam, mas só aquelas que ecoam
Se, no entanto,  tem alguém ao seu lado
Para fazer um discurso susurrado
Qualquer ofensa se dispersa
Qualquer mal julgamento
Se desfaz na palavra de alento
Uma conjugação não se segura em meus lábios
E escapa, por serem eles amantes e não sábios
Amo, amarei, amado, amada, ...
Minto, retirei algumas das variações do verbo amar
Umas por que não foram
Outras por que foram demais
ambas ficaram para trás
Aprendi que mais do que se falar sobre amor
É preciso descobrir como senti-lo, seja como for
Em adoração ou em dor, na contemplação ou com calor
Fico calado olhando
um sinal para o iniciar da minha verdadeira felicidade
não nos olhos vermelhos de chorar
nos olhos amarelos de beber
mas sim nos olhos verdes de viver.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Contando

1,2,3...conta comum.
Comecei só, como o número um.
Na primeira vim a conhecer o amor,
Ele só, não se sustentou,
precisava de mais alguém para dividi-lo
Veio tarde, o amor minguou
e os defeitos que se acumulavam
Somados, se tornaram muitos e insuportáveis
E com brigas e discussões
intermináveis
Teminou
Mas teve uma segunda chance o dito amor
Encontrou alegria, vontade de viver, sonhos
Tinha tudo para voar, era felicidade que podia ser tocada
Mas no fim foi  moeda trocada
e amor por trocados
Quase sempre compra tristeza e decepção
O ouro dura pouco e quase sempre vai para outrém
O vil vintém da avareza
Acabou com a minha riqueza,
Me restou alguma tristeza
Tentei voltar ao princípio, mas era precipício
Fiquei quieto em casa, no escuro
Lacrei janelas e portas para o amor não entrar por nenhuma fresta
Mas quando você pensa que nada lhe resta
Surge uma luz em uma porta entreaberta
Que nem sabia existir
Vem brilhando em forma de riso e otimismo em seu jeito
Na terceira onda de paixão que me sacode o peito
tudo é diferente, quente, insistente, incoerente, latente
Se será consistente, permanente, isso ainda não é evidente
E cabe aqui explicar o porquê.
Fiquei muito tempo no escuro
E como quem há muito não vê o sol
quando recebe muito calor e muita luz
cerra um pouco os olhos
se abraçando a uma segura cegueira
Mas é perfeito a sua maneira
Pois tem uma carga adicional de esperança
Com um misto de certezas e incertezas
ponteadas pelas surpresas
que aparecem a cada dia que a conheço mais
que seja enfim esta a terceira a melhor de todas
e enfim
nela encontre o verdadeiro amor
e para o meu coração, a paz.