quinta-feira, 30 de abril de 2009

Toma!!

Depois da sola do sapato na cara
O bêbado só pode soluçar
Quando troca o gosto da borracha
Pelo amargo da cachaça

Depois do tapa na cara
O homem só pode dançar
Quando troca a mulher que quer
Pelo amargo daquela que vier

Sempre que tenho dúvidas eu escrevo
Sempre que escrevo, gero dúvidas
Não sei se questiono para ter respostas
Ou só para alimentar meu anseio por saber
Que nem tudo pode ter apenas uma solução
Como numa equação
Que permita mais

Mas estou sossegado
Com uma ou outra coisa
E uma delas é que me divirto em colocar
Uma palavra após outra
A preencher o branco do papel,
Como cafetina que anseia em encher seu bordel
Procuramos, ambos, algum tipo de prazer
Sem pensar se vamos ofender ou quem sabe
Na idéia de alguém, ascender
Por achar isso um dom divino
Só é divino se é dividido
Se é só seu...é uma maldição

Obrigado por me ajudar a me expurgar de meus demônios

Prelúdio do Flerte



Te vi sentada só e perguntei se não me esperava,
“Não sei porque não perguntei se não se enxergava”
Sentei-me em sua mesa pois sabia ser meu charme irresistível,
“Só não fugi pois bloqueava meu caminho, passar era impossível”
Contei-lhe uma ou duas de minhas qualidades,
“Até quando agüento este desfile de vaidades?”.
Percebi em teus olhos como crescia seu desejo e ansiedade,
“Melhor não olhar para ele, ou vou ficar com ânsia de verdade”
Convidei-a para tomar algo, talvez sua timidez se desfaça,
“Tudo bem,se é de graça...”
Comecei a dizer-lhe coisas profundas e belas,
“Talvez consiga tapar meus ouvidos com a cêra das velas”
Lancei um olhar perfeito e apaixonado,
“Acho que é vesgo o coitado”
Peguei em tua mão com leveza e ternura,
“Será que esta faca fura?”
Pedi um belo jantar e um bom vinho,
“Opa, a comida está a caminho”
Senti que me contemplava como quem olha o infinito,
“Até que de tão feio, até que ele é um pouquinho bonito”
Sorri com aquilo como um menininho,
“Bonito não, engraçadinho”
Depois daquela noite e até hoje nos encontramos,
somos namorados
“Como diz um velho ditado, só erramos se tentamos,
Daí sabemos se estamos errados”
Ou não...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Prelúdio do Desejo

Em teu fôlego quis tua vida,
desejei ser o teu instrumento na lida,
carta de amor escrevida,
anel em tua mão querida.

Almejei ser teu vestido colado,
Sol que faz teu rosto corado,
poema por ti declamado,
Cão servil ao teu lado.

Par de teu sonho escondido,
Peão de teu xadrez, pois rei, duvido,
brisa de verão, morna em teu ouvido,
som de tua voz a dizer “querido, querido..”

Desejo é querer toque de corpos onde tocam-se almas
É produzir marolas de amor onde houveram águas calmas,
É erguer-se no meio de minha dor e lhe render palmas,
É apropriar-se de ti, sendo escravo para ti, eterno até o final mas...

Quem é senhor dos sonhos?

Como queda de folha

Como queda de folha

Cai outono
Como queda de folha

Fica a tristeza
Como queda de folha

Vem o inverno
Como queda de folha

Derruba a Lágrima
Como queda de folha

Enche o chão
Como queda de folha

Passam os meses
Como queda de folha

Eu me desoriento
Como queda de folha

Então me leva o vento
Como queda de folha

Quebrado e pisado
Como queda de folha

O solo amacia e me chama
Como queda de folha

Morrem as sensações
Como queda de folha

Por que foi embora?
Por que foi embora?
Por que foi embora?
Como queda de folha

Tá, entortei o verbo!
Não bebi da garapa, não apanhei do rapa
Digo isso, sustento, levanto a cabeça e dou minha cara a tapa
Então tá, enrolei a palavra
Fiz rocambole da letra, deixei a conjugação perneta
Fui ao reles perguntar o que é proxeneta
Pasmei com cáften? Nem.
Sorri do rufião? Sei lá então.
Entendi coisa nenhuma.
Então besta fiquei.
Bestifiquei .
Nada sei, não dancei, não dá em nada, eu sei.
Danar me ei.
Miei às donas
Que gato safo
Safo ás donas
Safado
Me safei
Línguas matronas
Sob rimas mandonas
Põe em si a
carapuça
E vê de logo que
Quando o querer empapuça
Difícil é escrever a poesia.
Tem pressa não.
Tem medo não.
Escreve quando quiser.
Escreve quando puder.
Seja linha torta, de pensamento bobo
E de palpite leso o rabisco arisco
Vale o palpitar do peito
Quem sabe ler carinho,
Aprende a entender respeito
Se não vira escritor, pelo menos expressa amor
Pelo menos por hora, direito.
Ta não saiu perfeito
Mas ta escrito, ta feito, não te ajeito e não admito rejeito
Agito, grito e faço rito de quem diz o dito pelo não dito
Não escreveram o que você é? É por que não é.
Pelo menos não para esse não, ou aquele ou ele.
O que vale sou eu
que gastei o que digo
de maneira gostosa, mas foi contigo
tá, pode ser que eu entortei o verbo.